Em seu primeiro pronunciamento como ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante elogiou a equipe econômica liderada por Guido Mantega e destacou que o governo mantém "compromisso com o controle da inflação". Será verdade mesmo?
A esquerda costuma atribuir a inflação à ganância dos empresários ou então a fatores exógenos, como uma colheita ruim. Por isso, sempre demanda taxas de juros menores e gastos públicos maiores. Não compreende o que causa, de fato, a inflação.
A perda do poder de compra da moeda, ou seja, a desvalorização do dinheiro ao longo do tempo, depende da lei da oferta e demanda. Se é o governo que controla a oferta monetária, claro que o aumento da quantidade de dinheiro na economia é uma decisão política. Se um falsificador criasse dinheiro da noite para o dia, todos entenderiam quão prejudicial isso seria aos demais; quando é o governo que cria mais moeda, isso é visto como algo positivo.
Muitos confundem dinheiro com riqueza. Acabam defendendo a ilusão de que o governo pode aumentar a riqueza real expandindo a circulação de dinheiro e crédito. Se bastasse imprimir moeda, o Zimbábue e a Venezuela seriam países de Primeiro Mundo.
A política inflacionária costuma ser bastante popular no começo, quando seus efeitos perversos ainda não apareceram. Aqueles que demandam tal política estão focando apenas o seu lado da equação. O que desejam é um aumento na demanda e nos preços daqueles bens e serviços que vendem, enquanto gostariam de ver os demais preços inalterados. A ignorância do público é indispensável à política inflacionária. Mas não é possível enganar a todos o tempo todo. Quando muitos notam que o aumento dos preços é generalizado, então os planos inflacionários entram em colapso. Surge a indexação ou a fuga para outras moedas, como podemos ver agora na Argentina.
O poder de impressão de dinheiro nas mãos do governo sempre foi um enorme risco para a liberdade e a prosperidade dos povos. O recurso inflacionário garante ao governo os fundos que ele não conseguiria captar por meio de impostos diretos ou emissão de dívida, mecanismos mais visíveis e, portanto, impopulares. O aumento do gasto público acaba financiado pela emissão de moeda e crédito sem lastro, gerando inflação. Milton Friedman (1912-2006), prêmio Nobel de Economia, mostrou que a inflação é sempre um fenômeno monetário. Não se trata do resultado da ganância dos empresários, que é similar na Suíça e no Brasil. Tampouco é fruto de colheitas ruins, o que levaria apenas a uma mudança de preços relativos.
Quando todos os preços estão subindo juntos, é porque há moeda ou crédito demais na economia. Sendo o governo o responsável por controlar tais agregados, naturalmente a inflação é sua cria direta. Apenas para ilustrar, a Caixa tem expandido sua carteira em 40% ao ano e o BNDES em 20%. As barreiras ao livre mercado agravam o problema, por limitar a concorrência. Como instrumento de combate ao risco inflacionário, os países desenvolvidos criaram bancos centrais independentes, com a função de mirar em metas de inflação bem definidas.
O Brasil está bem atrasado nesse aspecto. Nosso Banco Central não é independente por lei nem goza de autonomia operacional na prática, principalmente sob o governo Dilma. A meta de inflação de 4,5%, elevada para padrões internacionais, é ignorada há anos. O governo alega que mantém a inflação dentro do limite de 6,5%, mas ignora que a banda existe para casos esporádicos. No fundo, a verdadeira meta é o topo da banda. Sem falar dos preços administrados pelo governo, que estão congelados de maneira insustentável. Analisando um ano isolado, pode parecer pouco. Mas, quando vemos o efeito composto no tempo, o estrago é enorme. Uma inflação de 6% ao ano representa uma perda acumulada de quase 80% em uma década.
Trata-se do pior tipo de "imposto" para os mais pobres. A perda de credibilidade do BC acaba jogando mais lenha na fogueira inflacionária, pois aumenta as expectativas futuras dos agentes, criando certa inércia e indexação. Trata-se de uma equivocada política do governo Dilma, que expande gastos e crédito, sem produzir crescimento econômico. É preciso cortar gastos públicos e instituir a independência do Banco Central urgentemente.
Pela fala de Mercadante, porém, vemos que o governo Dilma prefere negar a realidade e insistir no processo inflacionário. Perde o Brasil.
A esquerda costuma atribuir a inflação à ganância dos empresários ou então a fatores exógenos, como uma colheita ruim. Por isso, sempre demanda taxas de juros menores e gastos públicos maiores. Não compreende o que causa, de fato, a inflação.
A perda do poder de compra da moeda, ou seja, a desvalorização do dinheiro ao longo do tempo, depende da lei da oferta e demanda. Se é o governo que controla a oferta monetária, claro que o aumento da quantidade de dinheiro na economia é uma decisão política. Se um falsificador criasse dinheiro da noite para o dia, todos entenderiam quão prejudicial isso seria aos demais; quando é o governo que cria mais moeda, isso é visto como algo positivo.
Muitos confundem dinheiro com riqueza. Acabam defendendo a ilusão de que o governo pode aumentar a riqueza real expandindo a circulação de dinheiro e crédito. Se bastasse imprimir moeda, o Zimbábue e a Venezuela seriam países de Primeiro Mundo.
A política inflacionária costuma ser bastante popular no começo, quando seus efeitos perversos ainda não apareceram. Aqueles que demandam tal política estão focando apenas o seu lado da equação. O que desejam é um aumento na demanda e nos preços daqueles bens e serviços que vendem, enquanto gostariam de ver os demais preços inalterados. A ignorância do público é indispensável à política inflacionária. Mas não é possível enganar a todos o tempo todo. Quando muitos notam que o aumento dos preços é generalizado, então os planos inflacionários entram em colapso. Surge a indexação ou a fuga para outras moedas, como podemos ver agora na Argentina.
O poder de impressão de dinheiro nas mãos do governo sempre foi um enorme risco para a liberdade e a prosperidade dos povos. O recurso inflacionário garante ao governo os fundos que ele não conseguiria captar por meio de impostos diretos ou emissão de dívida, mecanismos mais visíveis e, portanto, impopulares. O aumento do gasto público acaba financiado pela emissão de moeda e crédito sem lastro, gerando inflação. Milton Friedman (1912-2006), prêmio Nobel de Economia, mostrou que a inflação é sempre um fenômeno monetário. Não se trata do resultado da ganância dos empresários, que é similar na Suíça e no Brasil. Tampouco é fruto de colheitas ruins, o que levaria apenas a uma mudança de preços relativos.
Quando todos os preços estão subindo juntos, é porque há moeda ou crédito demais na economia. Sendo o governo o responsável por controlar tais agregados, naturalmente a inflação é sua cria direta. Apenas para ilustrar, a Caixa tem expandido sua carteira em 40% ao ano e o BNDES em 20%. As barreiras ao livre mercado agravam o problema, por limitar a concorrência. Como instrumento de combate ao risco inflacionário, os países desenvolvidos criaram bancos centrais independentes, com a função de mirar em metas de inflação bem definidas.
O Brasil está bem atrasado nesse aspecto. Nosso Banco Central não é independente por lei nem goza de autonomia operacional na prática, principalmente sob o governo Dilma. A meta de inflação de 4,5%, elevada para padrões internacionais, é ignorada há anos. O governo alega que mantém a inflação dentro do limite de 6,5%, mas ignora que a banda existe para casos esporádicos. No fundo, a verdadeira meta é o topo da banda. Sem falar dos preços administrados pelo governo, que estão congelados de maneira insustentável. Analisando um ano isolado, pode parecer pouco. Mas, quando vemos o efeito composto no tempo, o estrago é enorme. Uma inflação de 6% ao ano representa uma perda acumulada de quase 80% em uma década.
Trata-se do pior tipo de "imposto" para os mais pobres. A perda de credibilidade do BC acaba jogando mais lenha na fogueira inflacionária, pois aumenta as expectativas futuras dos agentes, criando certa inércia e indexação. Trata-se de uma equivocada política do governo Dilma, que expande gastos e crédito, sem produzir crescimento econômico. É preciso cortar gastos públicos e instituir a independência do Banco Central urgentemente.
Pela fala de Mercadante, porém, vemos que o governo Dilma prefere negar a realidade e insistir no processo inflacionário. Perde o Brasil.
09 de fevereiro de 2014
Rodrigo Constantino, Veja
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