Esta história dos boxeadores cubanos deportados para
Cuba por Tarso Genro já é conhecida em prosa e verso, mas ela é recontada pelo
jornalista Elio Gaspari, porque serve de comparação entre o que fez o então
ministro da Justiça de Lula e o que faz agora o ministro da Justiça de Dilma.
A
comparação sublinha o caráter autoritário, cruel e desumano do atual governador
do RS. Leia tudo:
Em 2007, durante os Jogos Pan-Americanos, dois
boxeadores cubanos, atraídos por um empresário alemão, abandonaram a delegação
de seu país. Mobilizada pelo comissariado, a polícia achou-os no interior do
Estado do Rio e manteve-os num regime de liberdade vigiada. Mais coisas
estranhas aconteceram. Seus advogados viram-se autuados por desacato.
O delegado
da Polícia Federal Felício Laterça informou que eles se recusaram a pedir
refúgio no Brasil, pois queriam voltar ao "país que amam". Dias depois,
formalmente deportados, os dois embarcaram num jatinho vindo da Venezuela e o
ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que os críticos do governo "têm uma
visão de que ninguém jamais quer voltar a Cuba, isso é uma rematada bobagem".
Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara amavam tanto seu país que fugiram da ilha
pouco depois.
Em agosto passado, quando começou a discussão em torno
da vinda de médicos cubanos ao Brasil, o advogado-geral da União deu um toque
jurídico ao precedente ocorrido no mandarinato de Tarso Genro. Quando lhe
perguntaram o que aconteceria se um cubano quisesse pedir asilo, respondeu:
"Parece que não teriam direito a essa pretensão. Provavelmente seriam
devolvidos". Seria um aviso.
Nessa época, o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, dizia que isso não vinha ocorrendo em outros países onde havia médicos
cubanos. Quem acreditou nele (o signatário, por exemplo) fez papel de paspalho.
Quando Padilha dizia isso já haviam pulado o muro dezenas de médicos e o governo
americano criara para eles uma porta de acesso ao país, sem contudo
assegurar-lhes o direito a exercer a medicina.
Ao buscar a proteção do DEM, a médica Ramona Matos
Rodriguez foi mais cautelosa que os dois boxeadores, mas o governo da doutora
Dilma comportou-se de maneira muito mais civilizada que o de Lula. Adams ficou
calado e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reconheceu o direito da
médica de pedir refúgio no Brasil e nega ter posto a polícia no
lance.
Há mais de dois mil médicos cubanos trabalhando no
Brasil. Pelos mais diversos motivos, não fizeram o que fez Ramona. Felizmente,
Cardozo não repetiu a "rematada bobagem" policial ocorrida quando Tarso Genro
era ministro da Justiça.
09 de fevereiro de 2014
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