"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O BOLIVARISMO, OU A ESQUERDOPATIA ARGENTINA, "DEU COM OS BURROS N'ÁGUA"

Na Argentina, peso registra maior queda desde 2002
 
Dólar chegou a subir mais de 15% e fechou com alta de 8,54%, após intervenção do Banco Central da Argentina
Governo nega intenção de permitir disparada da moeda americana para evitar redução das reservas nacionais
 

O peso argentino sofreu ontem a maior desvalorização em um único dia desde março 2002, ano em que o país acabou com a paridade fixa entre a moeda local e o dólar.
 
A moeda americana chegou a ser comercializada a 8,30 pesos, ante os 7,14 pesos do dia anterior. Fechou o dia cotada a 7,75 pesos, segundo o Banco Central da Argentina, uma desvalorização de 8,54%.
 
Segundo analistas, o governo deixou que o peso se desvalorizasse para tentar conter a sangria das reservas internacionais da Argentina, que caíram 29,1% em 2013 e estão no nível mais baixo em sete anos: US$ 29,4 bilhões.
 
A equipe da presidente Cristina Kirchner, contudo, negou essa intenção.
 
"Não foi uma desvalorização induzida pelo Estado. A oferta de divisas é a que se expressou ontem no mercado de câmbio", afirmou o chefe de gabinete da Presidência, Jorge Capitanich, sobre a alta do dólar, que começou já anteontem.
 
Ontem, porém, o banco central argentino decidiu intervir para conter a desvalorização do peso, que chegava a superar 15%. À tarde, a entidade vendeu US$ 100 milhões, e a cotação recuou.
 
O dólar paralelo, negociado no mercado informal, fechou o dia a 13 pesos.
 
Em maio do ano passado, a presidente Cristina Kirchner negou que pretendesse promover uma desvalorização do peso. Segundo ela, quem quisesse presenciar isso teria que esperar por uma próxima gestão.
 
"Era insustentável manter o câmbio como estava. E esse problema não se resolve apenas com controles. Agora precisamos esperar para ver como os preços internos ficarão", afirma o ex-ministro da Economia Aldo Ferrer, ligado a Cristina Kirchner.
 
Para o economista, a desvalorização do peso não tem semelhanças com a ocorrida em plena crise econômica de 2002. "A Argentina agora não está endividada."
 
CONTROLES

Desde junho de 2011 a Casa Rosada tenta conter a saída de dólares do país restringindo a compra da moeda americana e a importação.
 
Os argentinos, que sempre fizeram sua poupança em dólar, com medo de crises econômicas, da desvalorização do peso e mais recentemente da inflação, ficaram proibidos de comprar a moeda americana como investimento.
 
Para adquirir dólares, é preciso estar com viagem internacional marcada e há uma quantia limitada.
 
Nesta semana, o governo restringiu a compra on-line em lojas do exterior a duas por ano, se o valor superar US$ 25. Para efetuá-las, é necessário preencher uma declaração juramentada e pagar 50% de imposto.
 
No início de dezembro, a Casa Rosada aumentou de 20% para 35% o imposto para transações financeiras de pessoas físicas no exterior e para compras de passagens e de pacotes de viagem.
 
INFLAÇÃO

O governo evita a desvalorização do peso para não aumentar ainda mais a pressão sobre os preços internos.
 
Segundo consultorias privadas, a inflação em 2013 foi de 28,1%. Para o governo, cujo instituto de estatística é acusado de manipular dados, o índice foi de 10,9%. Aumentos de tarifas de transporte público podem elevá-la para 31% ainda neste mês.
 
"Precisamos saber quais são os próximos passos do governo", diz Jorge Vasconcelos, do Ieral (Instituto de Estudos sobre a Realidade Argentina e Latino-americana).
 
Para ele, o controle da inflação com o dólar mais caro passa por mudanças nas políticas fiscal e monetária.

24 de janeiro de 2014
LÍGIA MESQUITA - FOLHA DE SÃO PAULO

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