O Fórum Econômico Mundial, que se reúne em Davos, não é um oráculo dos mercados, mas tem séria repercussão na imagem dos países junto a investidores
Dilma Rousseff está hoje em Davos (Suíça), no Fórum Econômico Mundial, onde comparece pela primeira vez como presidente do Brasil. O Fórum é um evento anual, já tradicional, que reúne governantes, dirigentes de instituições multilaterais, empresários, acadêmicos e outros ilustres convidados para ouvir opiniões e debater questões que afetam os rumos da economia mundial. Não é local apropriado para proselitismo político (como fez na recepção a Obama em Brasília). Quem está lá espera encontrar respostas para muitas dúvidas em relação ao futuro, e dos governantes, especialmente. Deseja-se um diálogo franco em torno dos problemas apontados nos documentos prévios ao encontro.
O Fórum é um dos eventos internacionais que mais contribuem para a formação dos conceitos que os mercados têm sobre essa ou aquela economia. Não é um congresso de financistas, embora tenha chegado a ser identificado como um oráculo dos mercados. Partidos ditos de esquerda costumam rejeitá-los, embora haja declaradamente interesse dos participantes em ouvir diferentes correntes de opinião, sérias e fundamentadas.
Há um evidente esforço do governo Dilma, neste fim de mandato, em mudar o conceito da administração da presidente junto a investidores, empresários e mercados. Confiante em seu diagnóstico sobre a crise financeira internacional, e o que era preciso fazer para contorná-la, o governo Dilma simplesmente ignorou críticas e recomendações para correção de rumos. Os resultados ficaram aquém do que o governo prognosticara, e a imagem da economia brasileira sofreu enorme desgaste nos últimos tempos. O temor de deterioração das bases que sustentaram a recuperação da economia do país a partir do lançamento do real se agravou à medida que as agências internacionais de classificação de risco decidiram pôr o Brasil em perspectiva negativa. Concretamente, investidores estrangeiros têm se desfeito de aplicações financeiras no Brasil, mesmo depois que as taxas de juros voltaram a ser elevadas internamente.
A presidente Dilma tem hoje uma oportunidade para tentar reverter esse processo de desgaste de imagem, afastar o temor de que recolocou o Brasil rumo a um anacrônico “capitalismo de estado”. O governo vem dando sinais de correção de rota na política econômica, dispondo-se a acumular novamente, sem malabarismos contábeis, superávits primários nas finanças públicas capazes de recolocar o endividamento em trajetória de redução. É uma iniciativa necessária para ajudar o Banco Central no combate à inflação.
Por si só, o pronunciamento da presidente não será suficiente para recuperação da imagem e do conceito da economia brasileira nos diferentes mercados. Em face dos equívocos cometidos, o país estará sujeito a uma espécie de teste São Tomé. Mas, sem dúvida, se forem convincentes, as palavras da presidente serão um bom começo.
Dilma Rousseff está hoje em Davos (Suíça), no Fórum Econômico Mundial, onde comparece pela primeira vez como presidente do Brasil. O Fórum é um evento anual, já tradicional, que reúne governantes, dirigentes de instituições multilaterais, empresários, acadêmicos e outros ilustres convidados para ouvir opiniões e debater questões que afetam os rumos da economia mundial. Não é local apropriado para proselitismo político (como fez na recepção a Obama em Brasília). Quem está lá espera encontrar respostas para muitas dúvidas em relação ao futuro, e dos governantes, especialmente. Deseja-se um diálogo franco em torno dos problemas apontados nos documentos prévios ao encontro.
O Fórum é um dos eventos internacionais que mais contribuem para a formação dos conceitos que os mercados têm sobre essa ou aquela economia. Não é um congresso de financistas, embora tenha chegado a ser identificado como um oráculo dos mercados. Partidos ditos de esquerda costumam rejeitá-los, embora haja declaradamente interesse dos participantes em ouvir diferentes correntes de opinião, sérias e fundamentadas.
Há um evidente esforço do governo Dilma, neste fim de mandato, em mudar o conceito da administração da presidente junto a investidores, empresários e mercados. Confiante em seu diagnóstico sobre a crise financeira internacional, e o que era preciso fazer para contorná-la, o governo Dilma simplesmente ignorou críticas e recomendações para correção de rumos. Os resultados ficaram aquém do que o governo prognosticara, e a imagem da economia brasileira sofreu enorme desgaste nos últimos tempos. O temor de deterioração das bases que sustentaram a recuperação da economia do país a partir do lançamento do real se agravou à medida que as agências internacionais de classificação de risco decidiram pôr o Brasil em perspectiva negativa. Concretamente, investidores estrangeiros têm se desfeito de aplicações financeiras no Brasil, mesmo depois que as taxas de juros voltaram a ser elevadas internamente.
A presidente Dilma tem hoje uma oportunidade para tentar reverter esse processo de desgaste de imagem, afastar o temor de que recolocou o Brasil rumo a um anacrônico “capitalismo de estado”. O governo vem dando sinais de correção de rota na política econômica, dispondo-se a acumular novamente, sem malabarismos contábeis, superávits primários nas finanças públicas capazes de recolocar o endividamento em trajetória de redução. É uma iniciativa necessária para ajudar o Banco Central no combate à inflação.
Por si só, o pronunciamento da presidente não será suficiente para recuperação da imagem e do conceito da economia brasileira nos diferentes mercados. Em face dos equívocos cometidos, o país estará sujeito a uma espécie de teste São Tomé. Mas, sem dúvida, se forem convincentes, as palavras da presidente serão um bom começo.
24 de janeiro de 2014
Editorial O Globo
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