Ou: Rede atua firmemente para deixar Campos sem palanque nos estados
Desde que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), selou uma aliança com Marina Silva, ele não ganhou um miserável ponto percentual nas pesquisas de intenção de voto — pode até ser que isso aconteça caso venha a disputar tendo-a como vice, não sei. O fato é que, nos levantamentos até agora feitos, não se notou nada de novo.
Marina, sim, já saiu ganhando. Como teve negado o registro para a Rede, tenderia a sumir do noticiário, que vai, como se sabe, convergir para a questão eleitoral. Filiada formalmente ao PSB, ela continua a ser personagem do noticiário. Quando aparece como o nome dos socialistas, fica em segundo lugar. A Folha desta quinta informa que a Rede agora quer afastar o PSB da aliança com o PT e com o PSDB nos estados, lançando candidaturas próprias.
Campos e os socialistas começam a provar o lado vespa de Marina Silva. Ainda que, em público, ambos troquem juras de companheirismo eterno, a verdade insofismável é que Marina e sua turma veem o PSB como mero hospedeiro de seu projeto político.
A Rede — ou o marinismo — é como aquela vespa que usa outros isentos para depositar o seu ovo. A futura larva vai, então, se alimentar de um organismo ainda vivo.
Quando o bicho finalmente nasce, quem o hospedou morre. A simpática joaninha, tadinha, é das vítimas. Há um tipo de vespa que gosta é dela.
Isso quase aconteceu com o PV. Marina tentou tomá-lo de assalto. Não conseguiu e acabou caindo fora, não sem antes demonizar na imprensa e nas redes sociais a sigla que a recebeu. Ora, ora, ora…
Em São Paulo, por exemplo, a Rede faz de tudo para impedir que o PSB feche uma aliança com o PSDB de Geraldo Alckmin, hoje o favorito nas pesquisas de intenção de voto.
Há uma possibilidade razoável de que o partido de Campos tenha o lugar de vice na chapa. Ademais, se candidato, o agora governador de Pernambuco teria um palanque sólido em São Paulo.
Mas quê… Marina não quer saber disso, não. Ela acha que a aliança prejudica a mensagem da tal “nova política”. Mas esperem! Essa “nova política” é palavra de ordem de quem? Do PSB? Não! Essa é mais uma daquelas abstrações de apelo metafísico de Marina Silva. Isso interessa à sua turma, não à de Campos.
De resto, o neto de Miguel Arraes não é exatamente um “novo”, e parte da sua força deriva, sim, do fato de ser um dissidente do governismo. Trata-se de uma dissidência, à diferença da de Marina, que não se deu por razões propriamente ideológicas. Campos tem despertado o interesse em certas áreas do empresariado, por exemplo, porque faz um discurso mais pragmático do que Dilma.
A Rede, em suma, que usa o PSB para se organizar, está atuando firmemente para deixar Campos sem palanque nos estados, o que, obviamente, concorre para inviabilizar a sua candidatura. Quem sabe, assim, a candidata seja… Marina Silva, né?
19 de dezembro de 2013
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