Eventos da semana passada revelam que o governo vive um grave déficit de confiança entre o empresariado. Nada de novo.
Afinal, o tema vem sendo ventilado há tempos. Porém, uma sucessão de decisões nas últimas semanas comprova que a situação é preocupante e que o Planalto parece não ter respostas adequadas ao desafio de recompor as relações.
Afinal, o tema vem sendo ventilado há tempos. Porém, uma sucessão de decisões nas últimas semanas comprova que a situação é preocupante e que o Planalto parece não ter respostas adequadas ao desafio de recompor as relações.
A ausência de quatro gigantes do setor petrolífero na lista de inscrições do primeiro leilão do pré-sal, na bacia de Santos, surpreendeu a Agência Nacional de Petróleo.
As norte-americanas Exxon, Mobil e Chevron e as britânicas BP e BG não se dispuseram a disputar o campo de Libra, cujo leilão ocorrerá em 21 de outubro. A ausência reforça a tese de que o modelo despertou mais interesse em estatais, que priorizam reservas.
Por outro lado, diferentemente de outros campos, as possibilidades de as reservas de Libra serem extraordinárias são de quase 100%. Assim, seria natural a presença das quatro multinacionais, que não constam da lista por desconfiança do sistema regulatório. Intervenção estatal no setor, demora em fazer a licitação e exigência de investimentos bilionários levaram à desistência dessas empresas. Das 11 inscritas para o leilão, a maioria é asiática, sendo três chinesas. Eram esperados 40 candidatos.
Após o fiasco do leilão da BR–262, empreiteiras e governo tiveram uma reunião dura. O governo sugeriu que as empresas estariam fazendo conluio para mudar as regras da concessão. Elas negam cumplicidade para melar o leilão, mas cobram ajustes para evitar desinteresse em trechos futuros.
O clima de desconfiança e o medo de fracasso devem adiar o primeiro leilão de ferrovia para 2014. Estudo sobre o único trecho que seria concedido neste ano, entre Açailândia (MA) e Barcarena (PA), é criticado por investidores. O leilão desse trecho está previsto para o dia 18 de outubro.
Segundo informa reportagem da “Folha de S.Paulo”, das 150 licitações para obras em rodovias realizadas em 2011 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), mais de 44% ficaram sem interessados. Os sinais de desconfiança no Brasil são evidentes. A Apple evitou investir diretamente em lojas no país por conta dos custos. A Zara, que está em mais de 80 países, considera o Brasil um dos piores para se investir.
POTENCIAL É MAIOR
Apesar de o Brasil ser um dos top 5 destinos de investimentos estrangeiros, nosso potencial é muito maior que o nosso desempenho. Assim, estamos longe de realizar nosso potencial de investimento por culpa, pura e simplesmente, da brutal ineficiência do governo.
A realidade dos fatos aponta, de forma clara, para a necessidade de um choque de confiança. Mas o governo não se mostra sensibilizado para a situação nem reage com presteza para restituir o clima de confiança que existia durante a gestão do ex-presidente Lula.
A falta de confiança dos empresários, que traz como consequência menores investimentos, deve ser motivo de preocupação para o governo Dilma Rousseff, principalmente por conta de seu impacto na economia. Vale lembrar que, em função da estagnação do consumo, a aposta do governo para retomar o crescimento econômico é nos investimentos.
Porém, a falta de um clima de confiança no governo acaba impondo barreiras para a atração de investimentos numa velocidade mais intensa, o que impacta negativamente a economia e coloca o governo como alvo de críticas. Aliás, não é por acaso que um dos motes da campanha do PSDB tem sido a falta de avanços nas obras de infraestrutura.
Esses problemas levam a presidente Dilma Rousseff a ser questionada em relação à sua capacidade gerencial, o que pode trazer impactos negativos sobre sua imagem durante a campanha eleitoral do próximo ano.
(transcrito de O Tempo)
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