Opositor de Sarney, Waldir Maranhão é alvo de retaliação encomendada pelo grupo do caudilho
Quem chega ao Maranhão, o mais pobre estado brasileiro, se impressiona com a quantidade de ruas, viadutos e prédios públicos batizados com o nome da família Sarney, clã político que há cinquenta anos está no poder local e que com conhecido despotismo impõe à população um apartheid verde-louro que envergonha o País.Muito além desse comportamento típico de ditadores, o de culto à própria personalidade, preocupa sobremaneira o poder que o grupo liderado pelo senador José Sarney exerce em todas as entranhas do Estado.
Nessas condições, ser adversário do grupo político que atualmente tem Roseana Sarney como governadora é assinar a própria sentença de morte, porque qualquer ato contrário aos interesses da “famiglia” é sucedido por retaliações de toda ordem.
É o caso do deputado Waldir Maranhão, presidente estadual do Partido Progressista, que tem merecido a atenção deste site por marcar posição contra Sarney e seus badulaques políticos, situação que fica clara nos programas políticos que defendem “um novo olhar para um novo Maranhão”.
Quem conhece minimamente o estado, que há cinco décadas existe como capitania hereditária, sabe o quanto é preciso uma mudança. Vale lembrar que o editor não apenas conhece o Maranhão, como tem parentes muito próximos que vivem no estado onde reina o desmando sarneyzista.
Após marcar posição contra Sarney e seus sequazes, Waldir Maranhão foi surpreendido por uma decisão da Justiça Eleitoral, que em breve deve formalizar pedido de quebra de seus sigilos bancário e fiscal, sob a alegação de que a contabilidade de campanha do adversário do dono do estado não fecha. Decisão no mínimo estranha, pois o mandato de Waldir Maranhão termina no próximo ano.
O ucho.info não está a defender ilegalidades, mas é preciso lembrar que se situações erradas e merecedoras de investigação existem, essas levam a marca de Sarney e companhia limitada, que no Maranhão exerce um poder impressionante e claramente antidemocrático, só perdendo para a atuação de Fidel Castro na isolada Cuba.
Enquanto retalia aqueles que o desafiam politicamente, a cúpula do grupo Sarney não explica o fato de apartamentos da família em São Paulo estarem registrados em nome de uma construtora que se responsabilizou pelo pagamento dos imóveis. E a “famiglia” se irrita quando o assunto vem à baila.
De igual modo, o senador Jose Sarney atuou nos bastidores da capital federal para proibir que dados da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, rebatizada como Operação Faktor, fossem divulgados pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, que foi vítima da conhecida truculência do ex-presidente do Senado Federal. Postura semelhante é adotada quando alguém ousa questionar a contabilidade da São Luís Factoring, braço financeiro da “famiglia”.
Ora, se Sarney e companhia bela pressionam a Justiça para que a vida dos adversários seja fustigada, que permitam que o mesmo ocorra com cada um dos integrantes do clã, cujos currículos abaixo não deixam dúvidas a respeito do modus operandi que reina no vilipendiado Maranhão.
Filhote da ditadura, José Sarney chegou à Presidência da República no rastro da morte de Tancredo Neves. Não fosse esse incidente, entraria para a história como reles coadjuvante. A sua longa carreira política, marcada por escândalos e decisões bisonhas, se traduz no livro “Honráveis Bandidos”, que fazendo jus ao título conta as estripulias do caudilho da terra do arroz de cuxá.
De todos os integrantes da família do ditador maranhense, Sarney Filho é o que age com mais cuidado, o que evita flagrantes ruidosos. Mesmo assim, o deputado federal pelo PV maranhense não escapa do rol de escândalos que leva a marca da família. Zequinha, como é conhecido no Maranhão o filho do caudilho-senador, é pai de dois astutos rapazes.
José Adriano Cordeiro Sarney, que de 2007 a 2009, com a anuência deliberada do avô, operou no Senado como agente de empréstimos consignados.
Descoberto o escândalo, a mamata foi suspensa. Gabriel José Cordeiro Sarney, que mora em um apartamento da família localizado na elegante região dos Jardins, em São Paulo, mas que está registrado em nome de uma construtora, cujo dono é amigo do clã que governa o Maranhão à sombra do despotismo.
Sarney Filho fica enfurecido quando o seu viés ambientalista de encomenda vem à baila. Mesmo filiado ao Partido Verde, Zequinha nada fez contra a Alumar, indústria de alumínio que contaminou o solo e os lençóis freáticos de São Luís. De igual modo, Sarney Filho adotou silêncio obsequioso por ocasião do “Escândalo do Babaçu”, em que Stênio Resendel, político ligado ao clã, foi acusado de receber R$ 2 milhões para permitir o desmatamento de determinadas regiões do estado, viabilizando a construção de condomínios.
O rosário de escândalos na órbita da atual governadora do Maranhão é tamanho, que desfiá-lo exigiria tempo e espaço de sobra. Após prometer entregar 64 hospitais até o final de 2010, Roseana cumpriu parcialmente a promessa, apesar de a saúde pública no Maranhão viver uma situação degradante.
Entregou apenas um e durante a campanha daquele ano prometeu outros três hospitais, elevando o número para 66. Até agora, a promessa continua sendo cumprida em lentos e enfadonhos capítulos.
Preocupada com sua imagem como política, Roseana renovou, por R$ 6 milhões, um contrato do governo estadual com o marqueteiro Duda Mendonça. Ou seja, a filha de José Sarney quer mostrar ao mundo, usando o suado dinheiro do contribuinte, aquilo que apenas fingiu fazer.
Irmão de Jorge Murad, o primeiro-marido maranhense, Ricardo sempre foi um crítico ácido da cunhada e da família Sarney. As críticas cessaram quando Roseana Sarney chamou Ricardo Murad para fazer parte do seu governo, sempre marcado pela incompetência e por seguidos escândalos de corrupção.
Guindado ao cargo de secretário estadual da Saúde, Ricardo Murad foi encarregado de enganar o povo nas questões relacionadas à pasta, além de dar as devidas desculpas em relação aos hospitais prometidos pela cunhada.
Engenheiro, Fernando Sarney é responsável por todos os negócios da família, inclusive pela contabilidade bisonha. Casado com a cunhada da irmã Roseana, Fernando Sarney divide com Jorge Murad, o primeiro-marido, a eminência parda do governo. Em nove de cada dez escândalos da família Sarney, o nome de Fernando aparece com certeza.
Alvo da Operação Boi Barrica, posteriormente rebatizada como Faktor, Fernando Sarney foi indiciado por formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Acusado de fazer caixa dois na campanha da irmã, em 2006, ele sacou R$ 2 milhões em dinheiro vivo de uma conta bancária.
Durante a Operação Castelo de Areia, a Polícia Federal identificou o nome de Fernando Sarney como sendo um suposto destinatário de propinas pagas pela empreiteira Camargo Corrêa. Em outra investigação, Fernando aparece como um dos sócios da São Luís Factoring, empresa financeira que só opera com recursos das empresas da família e movimenta dezenas de milhões de reais a cada ano.
27 de setembro de 2013
ucho.info
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