"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

MAIS DOIS



 
As já saudosas manifestações eclodidas durante o mês de junho, fugaz esperança frustrada de repaginar o país, questionaram seriamente a questão da representatividade e da real utilidade dos partidos políticos como instrumentos de aprimoramento da democracia. Em alguns casos, verificaram-se até rejeições à participação das agremiações nos movimentos. 
 
Com o amortecimento dos protestos, a questão não foi desde então seriamente discutida nos foros apropriados, por não ser conveniente aos propósitos dos donos do poder. 
 
Por outro lado, qual não foi a surpresa da sociedade, ao ver aprovada recentemente pelo TSE, a legalização de mais dois partidos, o que eleva para 32 o total. 
 
Este número absurdo coloca em cheque o próprio conceito correspondente, configurado pela essência de reunir grupos de pessoas que possuem e defendem ideias semelhantes e buscam alcançar o poder, visando ao interesse público. 
 
Tal diluição permite concluir que, no Brasil, a questão fundamental não se refere ao "para que serve"  mas sim ao "a quem serve". 
 
Nossos partidos são, cada vez mais, meros escritórios onde se negociam conchavos, transferências e fidelidades, para atender interesses de poucos, sem o menor vínculo com o amadurecimento político do povo. 
 
E os pobres eleitores, material descartável mas essencial à materialização desses objetivos mesquinhos, são obrigados a engolir, através de propagandas supostamente gratuitas, a verborragia barata de candidatos que, longe de representá-los, constituem mais uma sobrecarga para os mesmos eleitores, enquanto contribuintes, principais doadores involuntários de recursos para o misterioso fundo partidário.
 
É lamentável assistir a mais essa decisão equivocada da justiça, dessa vez a eleitoral. E, pior, ao que tudo indica, a sopa de letrinhas vai encorpar e a sociedade, impotente, terá, mais uma vez, que entubar.
 
27 de setembro de 2013Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra, Reformado.

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