"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

FEDERAIS SE REBELAM E CRIAM DIFICULDADES PARA LIBERAR TUTORES PARA O "MAIS MÉDICOS"

 
UniRio já decidiu que não vai colaborar; UFRJ e UFF ainda tentam quebrar resistências internas.  Das 53 instituições federais de ensino superior que possuem curso de Medicina, 11 já disseram não ao governo federal e 13 ainda não responderam se participarão do Mais Médicos
 
Sem os nomes dos tutores, alguns conselhos de Medicina, como o do Rio de Janeiro, dizem que não liberarão os registros. O governo, por sua vez, diz que precisa dos registros profissionais para decidir quem serão os tutores e supervisores.
 
No Sudeste, das 16 federais com curso de Medicina, apenas oito aderiram ao programa. Três universidades já avisaram que não participarão: a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba, Minas Gerais.
 
No Rio, ainda não se sabe de que universidade sairá o nome do tutor e dos supervisores. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) disseram que ainda discutem o assunto, mas que a demora na resposta se deve à falta de consenso interno.
 
A UFRJ se posicionou, em agosto, de forma contrária a pontos da medida provisória do Mais Médicos. Desde então, não houve novo posicionamento. Fontes da universidade, no entanto, confirmam que a discussão sobre a possibilidade de adesão continua, por conta de divergência interna.
 
Para Aluisio Gomes Junior, diretor do Instituto de Saúde da Comunidade da UFF, o debate interno está acalorado, e a decisão final é imprevisível.
 
— O nosso núcleo aderiria a esse tipo de programa, não seria um problema. Já para o resto da faculdade de Medicina, é um problema, é uma situação nova que tem que ser discutida. Há resistência, claro que há. O prazo (dado pelo Ministério da Saúde) era de uma semana para a adesão, mas já se passou quase um mês, acho que era mais para forçar uma decisão do que uma adesão propriamente dita. O debate está muito acalorado, a forma com que o governo fez isso gerou muito atrito dentro da universidade, a corporação médica está toda exacerbada. (A decisão) é loteria — disse ele.
 
A resistência mais evidente é de universidades da região Sul do país: de 7 instituições federais filiadas à Andifes, apenas duas aderiram, uma em Pelotas (RS), e outra em Curitiba (PR). Enquanto a reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) confirmou ao GLOBO a participação no programa — a despeito da posição contrária da coordenação do curso de Medicina da faculdade —, o próprio tutor pré-selecionado para atuar no estado ainda não havia sido cadastrado no sistema do governo e tinha dúvidas sobre a adesão da instituição:
 
— Até ontem (anteontem), meu nome não tinha sido confirmado no site do Ministério da Saúde. Acho que ainda está em discussão a adesão da universidade, talvez por isso eu não tenha sido cadastrado. Houve resistência da coordenação do curso, mas fui convidado pela reitoria, e, diante de uma série de contrapropostas, eu aceitei. Eles (os estrangeiros) serão responsáveis pelos seus atos, eu vou orientá-los junto aos gestores municipais, tentar articular o melhor possível esses profissionais, mas a responsabilidade ética, técnica e profissional é deles, é de cada um — disse Charles Dalcanale Tesser, professor da UFSC.
 
No Nordeste, pelo menos 9 de 16 universidades já aderiram ao programa. Duas não aderiram: a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Até agora, a maior adesão foi na Região Norte, onde pelo menos 5 de 8 universidades federais já confirmaram participação. Uma instituição não aderiu, a Universidade Federal de Rondônia (Unir).
 
De acordo com o Ministério da Educação, o número de tutores e supervisores ainda não está definido, já que o governo estaria aguardando a emissão dos registros de trabalho junto aos conselhos para fechar a lista. Alguns CRMs, no entanto, seguem condicionando a emissão dos registros à entrega do nome de tutores e supervisores pelo Ministério da Saúde.
 
O MEC informou que o programa já conta com 36 tutores e 492 médicos declararam interesse em ser supervisores, mas que esse número não está fechado. Participam do programa 28 universidades federais em 24 estados brasileiros

26 de setembro de 2013
Leticia Fernandes - O Globo

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