"A Europa curvou-se diante do Brasil".
Várias vezes durante o século passado tal expressão apareceu nos principais órgãos de imprensa.
Eram acontecimentos representativos de situações nas quais determinadas personalidades nacionais destacavam-se por suas atuações ou criações intelectuais que enchiam o país de orgulho. Como exemplos emblemáticos, são lembrados, entre outros, a exibição de Santos Dumont em Paris, ao sobrevoar a cidade-luz , em 1906, circundando a Torre Eiffel e a Segunda Conferência de Haia em 1907 na qual a atuação de Rui Barbosa foi decisiva, firme e convincente, honrando a diplomacia brasileira.
Neste início do século 21, no entanto, o país não dá motivos para outras reverências europeias.
Governado por um grupo não comprometido com as tradições de política externa que sempre caracterizaram o outrora prestigiado Itamarati, o Estado brasileiro enveredou por associações com países que, embora afinados com as ideias de esquerda patológica dos seus atuais dirigentes, não contribuem em nada para o estabelecimento de bons protocolos de comércio exterior e para uma boa postura no conjunto de países que representam a rede democrática moderna.
A participação na decadente Unasul, por exemplo, com sua trupe Bolivariana, constitui a mais completa expressão da falência diplomática que afeta diretamente a modernização do país.
O recente acontecimento envolvendo o traslado de um político Boliviano para o Brasil é representativo de uma melancólica situação que não só impede que a Europa volte a curvar-se diante do Brasil mas ocasiona, pelo contrário, uma reverência ao país governado pelo cocaleiro encardido Evo Morales, resultando na demissão de um Ministro de Estado brasileiro.
É bom lembrar também que este é o mais recente episódio de uma série de outros, nos quais se verificou a submissão de Brasília às abusadas atitudes de La Paz.
São inesquecíveis, por exemplo, as ações no sentido de ocupar instalações da Petrobrás, as inspeções em aeronaves que transportavam autoridades brasileiras e a inação em relação a torcedores de futebol aprisionados sem provas suficientes.
Pobre Brasil, poucos são os motivos atualmente para que algum país a ele se curve e muitos serão ainda, ao que tudo indica, as razões para mesuras a governos que em nada contribuem para o desenvolvimento de uma salutar política externa.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar-e-Guerra, reformado.
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