Depois de ter sido a Mancada do Ano que nem começou, o anúncio de que o presidente Michel Temer iria dar à imprensa “total acesso” a seus extratos bancários virou Piada do Ano. Na verdade, Temer jamais ofereceu transparências às suas contas. Quando o ministro Luís Roberto Barroso mandou quebrar o sigilo bancário do presidente, na semana passada, a Assessoria do Planalto imediatamente procurou Temer para saber o que declarar. E ele disse que a quebra de sigilo não lhe trazia preocupações. Os assessores não entenderam o espírito da coisa e então anunciaram que o próprio Temer daria à imprensa “total acesso” a seus extratos bancários.
Questionado pela jornalista Andréia Sadi nesta segunda-feira (dia 12), o Palácio do Planalto informou que ainda “não há definição” sobre o assunto, a divulgação à imprensa está “sob exame, em análise” e o presidente Temer “agora reavalia o que fará com seus extratos bancários”.
EXTRATOS – Após tomar conhecimento de que o ministro Barroso autorizara a quebra do sigilo bancário, Temer requisitou aos bancos os extratos de suas contas bancárias. Agora, para ganhar tempo e embromar, os assessores do Planalto dizem que, antes de definir o que fará, Temer quer conversar com o advogado Antônio Claudio Mariz – já que irá a São Paulo nesta terça-feira – e aproveitar para fazer um “detalhamento” das suas contas. Mas é tudo conversa fiada, porque Temer já conversou a respeito com Mariz na semana passada.
O fato concreto é que o atual presidente- ficou muito rico na política. Deu uma casa luxuosa a cada uma das três filhas do primeiro casamento. Sustenta a mãe e o filho de sua segunda relação e já garantiu o futuro do filho mais novo, Michelzinho, já tendo passado para o nome dele a casa de quase 600 metros quadrados em São Paulo e dois conjuntos de salas, um patrimônio imobiliário avaliado em mais de R$ 5 milhões.
ENRIQUECIMENTO – Comparando-se as declarações de bens nas eleições presidenciais de 2010 e 2014, as aplicações financeiras de Temer tiveram aumento de 150% em quatro anos. Em 2010, declarou patrimônio total de R$ 6 milhões ao TSE em 2010. Já em 2014, os bens somavam R$ 7,5 milhões.
O aumento patrimonial de 25% se deveu a investimentos financeiros de baixo risco. Em 2010, Temer possuía cerca de R$ 1,475 milhão em depósitos na poupança e aplicações de renda fixa (CDB, RDB e outras). Quatro anos depois, esses mesmos investimentos já totalizavam R$ 3,7 milhões. E apenas um CDB no banco Santander, com valor de R$ 551 mil em 2010, subira para R$ 2,28 milhões. Nada mal.
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P.S. 1 – Vale lembrar que as declarações ao TSE não refletem o valor real dos bens, mas apenas o valor histórico pelo qual foram adquiridos, sem correção. Esta regra da Receita Federal vale para todos os contribuintes e dificulta a noção exata do patrimônio, em valores atualizados.
P.S. 1 – Vale lembrar que as declarações ao TSE não refletem o valor real dos bens, mas apenas o valor histórico pelo qual foram adquiridos, sem correção. Esta regra da Receita Federal vale para todos os contribuintes e dificulta a noção exata do patrimônio, em valores atualizados.
P.S. 2 – Aproxima-se a eleição e o presidente terá de apresentar nova declaração de bens ao TSE. Será constatado que o enriquecimento prossegue. É justamente por isso que Temer jamais exibirá à imprensa seus extratos bancários. (C.N.)
14 de março de 2018
Carlos Newton
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