Documentos da Receita Federal revelam que o patrimônio declarado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) triplicou após a eleição de 2014, quando foi derrotado por Dilma Rousseff (PT). O salto foi de R$ 2,5 milhões em 2015 para R$ 8 milhões em 2016. O crescimento é resultado de uma operação financeira entre Aécio e sua irmã Andrea Neves envolvendo cotas que o senador detinha em uma rádio, a Arco Íris, da qual foi sócio durante seis anos.
A quebra do sigilo fiscal do tucano foi ordenada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em uma ação cautelar que corre paralelamente ao inquérito que investiga o parlamentar por ter pedido R$ 2 milhões ao dono da empresa de carnes JBS, Joesley Batista. A Folha teve acesso aos documentos da investigação.
DÍVIDA COM A MÃE – Metade dos recursos foi rastreada pela Operação Patmos, um desdobramento da Lava Jato no STF, que levou à prisão de Andrea, braço direito de Aécio quando ele governou Minas Gerais (2003-2010). Ela foi solta em junho.
Nas eleições de 2014, Aécio declarou ao TSE que suas cotas na Arco Íris, afiliada da Jovem Pan, valiam R$ 700 mil, na forma de uma dívida que mantinha com a antiga dona, sua mãe. Por dois anos, em 2014 e 2015, o tucano também declarou à Receita R$ 700 mil, conforme as cópias das declarações de Imposto de Renda agora em poder do STF.
Em setembro de 2016, Aécio decidiu vender suas cotas à outra sócia na rádio, Andrea. Ao realizar a operação, o senador declarou ao Fisco que elas valiam R$ 6,6 milhões, quase dez vezes mais do que um ano antes.
DÍVIDA PERDOADA – Ao mesmo tempo, a mãe de Aécio perdoou a dívida com o filho. Os mesmos R$ 6,6 milhões foram declarados por Andrea em seu Imposto de Renda — cujo sigilo também foi quebrado pelo STF.
Aécio declarou que vendeu as cotas em 48 prestações, incluindo uma primeira parcela de R$ 380 mil.
Uma especialista em contabilidade ouvida pela Folha sob a condição de não ter o nome publicado disse que uma análise mais detalhada sobre o negócio na rádio impõe acesso aos balanços da emissora, para saber como se deu a grande valorização das cotas em tão pouco espaço de tempo. A PGR (Procuradoria-Geral da República) não pediu a quebra do sigilo fiscal da emissora.
QUESTIONAMENTO – A saída do senador da empresa coincide com um crescente questionamento sobre a legalidade da propriedade de rádios e TVs por parlamentares federais. Para o Ministério Público Federal, a posse afronta a Constituição.
O patrimônio declarado de Aécio, 58, incluía em 2016 um apartamento em Belo Horizonte, com valor apontado pelo senador de R$ 222 mil, outro no Rio (R$ 109 mil), lotes em Nova Lima (MG) e metade de uma fazenda de 81 hectares em Cláudio (MG).
Andrea, 59, declarou em seu nome três apartamentos no Rio: um na avenida Vieira Souto, de R$ 1,7 milhão, um na avenida Atlântica (R$ 1,8 milhão) e outro na rua Prudente de Morais, em Ipanema (R$ 400 mil), além um apartamento e casas em Minas.
FONTE DE RENDA – Os dados da Receita revelam que a rádio era a principal fonte de renda dos irmãos. Somente de 2014 a 2016 (período abrangido pela quebra de sigilo), Aécio recebeu R$ 3,1 milhões a título de lucros e dividendos não tributáveis, o triplo do que obteve do Senado como salário no mesmo período (R$ 1 milhão).
Os dados eram desconhecidos do eleitorado porque por lei os candidatos precisam declarar ao TSE, no ato de registro da candidatura, apenas bens, não rendimentos.
O advogado de Aécio Neves, Alberto Toron, disse que os R$ 6,6 milhões obtidos pelo parlamentar com a venda da rádio Arco Íris foram calculados “com base no critério de valor de mercado”. Segundo ele, valor anterior, de R$ 700 mil, fora “fixado, à época, em oito vezes o valor patrimonial” das cotas.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Já era esperado que as rendas de Aécio se tornassem um escândalo. Ele sempre usou a rádio para lavagem. Os carros de luxo que utiliza estão no nome da empresa. Quando abrirem a contabilidade da rádio, a verdade será conhecida. É sabido que rádio é um ramo que dá pouco dinheiro, basta ver a situação da outrora poderosa Tupi, que vive às custas de Garotinho. Mas nas mãos da família Neves, a rádio se tornou um negócio da China, embora tenha de pagar franquia à Jovem Pan. Por fim, se recebeu tanto dinheiro vivo da irmã, por que o senador precisou pedir R$ 2 milhões a Joesley Batista? (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Já era esperado que as rendas de Aécio se tornassem um escândalo. Ele sempre usou a rádio para lavagem. Os carros de luxo que utiliza estão no nome da empresa. Quando abrirem a contabilidade da rádio, a verdade será conhecida. É sabido que rádio é um ramo que dá pouco dinheiro, basta ver a situação da outrora poderosa Tupi, que vive às custas de Garotinho. Mas nas mãos da família Neves, a rádio se tornou um negócio da China, embora tenha de pagar franquia à Jovem Pan. Por fim, se recebeu tanto dinheiro vivo da irmã, por que o senador precisou pedir R$ 2 milhões a Joesley Batista? (C.N.)
14 de março de 2018
Reynaldo Turollo Jr. e Rubens Valente
Folha
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