Os homens que comandaram, durante oito anos, o sistema penitenciário do Estado do Rio estão indo agora para trás das grades. Por ordem da Justiça, a força-tarefa da Operação Calicute (versão local da Lava-Jato) cumpre nesta terça-feira ordem de prisão contra o coronel PM Cesar Rubens Monteiro de Carvalho, ex-secretário estadual do Sistema Penitenciário (gestão do ex-governador Sérgio Cabral), e contra o advogado Marcos Vinícius da Silva Lips, ex-subsecretário de Tratamento Penitenciário, além de ex-gestores públicos e empresários do setor de alimentos.
O delegado Marcelo Luiz Santos Martins, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada do Rio, é um dos alvos da ação. Eles são acusados de crimes de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, peculato e fraude em licitação.
MÁFIA DAS QUENTINHAS – As prisões são parte de operação conjunta do Ministério Público Federal com o Ministério Público do Rio de Janeiro para desbaratar um esquema de propina no fornecimento de alimentos para os mais de 50 mil presos fluminenses.
É a primeira iniciativa das autoridades, desde o início da intervenção, a enfrentar um dos problemas prioritários da Segurança Pública comandada pelo general Braga Netto: a corrupção no sistema penitenciário do Estado, que tem na máfia das quentinhas a face mais visível.
SEM LICITAÇÃO – O esquema, que funcionou pelo menos de 2009 a 2014, consistia no pagamento de propina regular a Cesar Rubens e Lips para garantir que a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) comprasse quentinhas (alimentos fornecidos em embalagens de alumínio) em permanente caráter de urgência, com dispensa de licitação ou concorrência fraudulenta. As empresas que formavam o cartel dividiam os ganhos entre si, de maneira a que todos lucrassem. Não havia controle da qualidade ou da quantidade de alimentos fornecida diariamente aos presos.
De acordo com as investigações, a caixinha era coordenada, pelo lado dos empresários, por Carlos Felipe da Costa Almeida de Paiva Nascimento, dono do Esch Café, tradicional ponto de encontro de admiradores de charutos no Centro do Rio e no Leblon. O esquema, que tinha o endosso de Sergio Cabral, nomeou um ordenador de despesas para a Seap, Wellington Perez Moreira, especialmente para autorizar os pagamentos.
14 de março de 2018
Chico Otavio e Daniel Biasetto
O Globo
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