Em matéria de escândalos administrativos, jamais se viu nada igual. O governo de Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco, que compõem uma gestão tipo 3 em 1, ficará na história como recordista absoluto, colocando no chinelo até mesmo a chamada Era do PT. A cada dia surge uma novidade e as notícias sobre corrupção se tornam tão recorrentes e repetitivas que ninguém mais parece dar importância. O mercado financeiro, por exemplo, continua inteiramente descolado da política. Esta semana, enquanto o Planalto pegava fogo com as novas denúncias sobre o esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal, a Bolsa de Valores batia todos os recordes, ultrapassando 81 mil pontos.
Ambas as notícias — corrupção na Caixa e boom na Bolsa — eram previsíveis. É claro que Temer/Eliseu/Padilha não tinham (nem têm) o menor interesse em estancar a roubalheira na Caixa. Quanto à Bolsa, a alta era esperada, porque as aplicações financeiras estão com rendimento muito baixo e os rentistas sempre correm para as ações.
ENVOLVIMENTO – O fato concreto é que toda a mídia divulgou que uma auditoria feita na Caixa pelo renomado escritório Pinheiro Neto verificou que um clima de corrupção generalizada, constatando que um dos vice-presidentes, Roberto Derziê Sant’Anna, teria repassado a Moreira Franco e ao presidente Temer informações privilegiadas sobre operações do banco, atendendo a pedido deles.
Pateticamente, o Planalto convocou a reportagem da Agência Brasil numa tentativa ridícula de abafar o caso. Como os repórteres são da “casa”, têm de engolir qualquer conversa fiada sem questionar o entrevistado. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, então alegou que sempre manteve uma “relação funcional” com Derziê, um dos quatro vice-presidentes da Caixa Econômica Federal afastado na terça-feira (dia 16) pelo presidente Michel Temer.
O afastamento foi a contragosto, Temer foi forçado pelo Ministério Público Federal, que lhe lembrou a possibilidade de responder a processo cível de improbidade administrativa, caso insistisse em manter nos cargos os corruptos já identificados.
DIZ MOREIRA – “O que foi levantado, pelo menos que vi no jornal, é que eu teria feito solicitação, essa foi a afirmação, que eu havia feito solicitação ao vice-presidente Derziê. Eu sempre tive com os vice-presidentes uma relação de natureza funcional, qualquer solicitação que eventualmente, qualquer pergunta, qualquer indagação, elas sempre estiveram no âmbito funcional. Eu não tenho por hábito nos lugares públicos que ocupei, que foram vários, eu tenho uma larga e vasta experiência, e toda minha biografia nunca foi manchada por qualquer tipo de atitude que gerasse qualquer vergonha”, disse o ministro.
Para o repórter da Agência Brasil, a situação foi tão constrangedora que ele nem assinou a matéria. Como é público e notório, Moreira Franco é membro do “quadrilhão” do PMDB e teve de se socorrer no foro privilegiado para não cair nas mãos do juiz Sérgio Moro. Sua confiabilidade tem o valor de uma nota de três reais.
19 de janeiro de 2018
Carlos Newton
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