Em entrevista de página inteira a Claudia Safatle e Raimundo Costa, no Valor desta segunda-feira, o Presidente Michel Temer revelou que tem conversado com o ministro Henrique Meirelles e este afirmou desejar ser candidato para defender o programa do governo que ingressa em sua fase final. Ele seria, acentuou Temer um grande presidente, mas prefiro retê-lo à frente da Fazenda porque ele ajuda muito a nossa administração. Michel Temer acrescentou que somente em maio deslocará seu pensamento para a sucessão de outubro.
O presidente da República, diante de uma pergunta sobre a possibilidade da candidatura Rodrigo Maia, esquivou-se da resposta. O governo apoiará nas urnas quem apoia o governo. Deixou no ar uma face de seu posicionamento. Porém deixou claro que a candidatura Meirelles está afastada de suas cogitações. Agiu, portanto, com base nas pesquisas do Datafolha e do IBOPE. O mesmo pode se aplicar a Rodrigo Maia, cuja penetração no eleitorado é igualmente mínima. O quadro da sucessão de outubro encontra-se em grande parte vazio. Terá que ser ocupado concretamente, não a partir de maio, mas a partir de 07 de abril. A partir de 7 de abril porque, seis meses antes das eleições, é o razoo máximo para inscrições partidárias voltadas para seis meses depois.
INELEGIBILIDADE – Sem inscrição partidária até o início de abril qualquer candidato em cogitação terá se tornado inelegível. É o caso por exemplo de Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, que ficou de dar uma uma resposta ao PSB até fevereiro. Esta colocação foi destacada na edição de domingo de O Globo. Ele não é só a única dúvida que se projeta em torno do quadro sucessório. Existem outras. Várias. Mas cujos nomes não têm qualquer possibilidade de empolgar o eleitorado. É o caso do senador Alvaro Dias e de diversos outros. A apresentadora de TV Váléria Monteiro, a deputada estadual Manoela D’Avila, esta indicada pelo PC do B.
Isso de um lado. De outro a dificuldade de os partidos de oposição se unirem em torno de um nome. Essa união tornar-se-á indispensável porque está aberto, em termos de voto, o espólio do ex-presidente Lula. Há esforços para ocupá-lo, caso do ex-ministro Ciro Gomes, filiado ao PDT.
APOIO DE TEMER – A candidatura Geraldo Alckmin, ao que os sintomas indicam, será absorvida pelo Palácio do Planalto. O governador de São Paulo é aquele que ideologicamente mais se aproxima dos temas do atual governo.
Além do mais, é preciso considerar a importância fundamental das bases partidárias. De grande influência na campanha eleitoral, embora o voto majoritário não dependa totalmente das votações para a Câmara Federal. No entanto não se pode subestimar também o peso das comunidades organizadas. É o que falta, por exemplo, a Ciro Gomes e Joaquim Barbosa. Todavia, dentro da visão de janeiro, pode se projetar as tendências básicas voltadas para outubro.
Mas é preciso atravessar o espelho do tempo. E considerar que a política é volúvel, na sua forma, no seu conteúdo, no seu desfecho.
30 de janeiro de 2018
Pedro do Coutto
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