"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O FUNK DO ESTUPRO

As redes foram inundadas por incitação ao crime. Um dos hits recentes, acessados por milhões de pessoas, fala em uma “surubinha de leve”, do MC Diguinho, sugerindo que, após embebedar a menina, a turma de homens (criminosos) deveria usá-la sexualmente e largá-la na rua.

Duro é ver a reclamação hipócrita de quem vem estimulando esse comportamento desembestado, sob a capa mentirosa da liberdade de expressão e cultura das favelas, com os bailes funks estilo Sodoma e Gomorra, as roupas periguetes que mostram as partes íntimas sem nada, o consumo desenfreado e aberto de drogas, a exibição de armas de fogo de grosso calibre, o crime e o mal ditando as regras à maioria idiotizada.

Vê-se que a música, de baixo nível, força a ideia de que haja uma cultura de estupro no Brasil. Não há. Existem muitos estupradores, bem como assassinos e ladrões, porém a violência sexual não é cultuada por nenhum segmento, nem mesmo pelos bandidos, os quais aplicam na cadeia a pena de morte aos estupradores.

Existe, mesmo, é um incentivo a esse tipo de cultura do lixo. Já li e vi matérias especiais com esses “gênios” que só falam em regiões glútea e pubiana, violência, inveja e ressentimento.

Se esse tipo de “obra” – no sentido do termo regional nordestino – ganha repercussão, deve ser porque parte da elite pensante acaba justificando os comportamentos desembestados das pessoas que perderam os freios morais do medo, da vergonha e da culpa.

A letra configura crime. O autor e todos que a reproduzem devem responder por incitação ao crime, artigo 286 do Código Penal, com pena prevista de três a seis meses de detenção, ou multa.

30 de janeiro de 2018
Miguel Lucena é Delegado de Polícia Civil do DF, jornalista e escritor.

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