O vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), deu um “passa fora” no presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que acabou cancelando uma sessão do Congresso convocada para a noite desta terça-feira. O incidente ocorreu enquanto Ramalho presidia uma sessão da Câmara. Estava convocada para esta noite uma reunião do Congresso para votação de vetos, e Eunício, educadamente, subiu até a Mesa da Câmara e pediu que o deputado encerrasse os trabalhos para dar início à sessão conjunta. Ramalho não se fez de rogado e bradou no microfone:
“Não vai ter Congresso!” – disse o vice da Câmara, interrompendo até o discurso da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) na tribuna. Resignado, Eunício desceu sorrindo da Mesa e brincando com parlamentares que a reunião estava cancelada por falta de plenário. Eunício ficou ainda alguns minutos conversando com parlamentares dentro do plenário, mas a sessão do Congresso acabou mesmo cancelada.
POLÍGONO DA SECA – A Câmara, então, continua votando uma Medida Provisória que fez alterações no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Mas o objetivo do vice-presidente, ao prolongar a sessão era incluir mais 80 municípios de seu Estado, Minas Gerais, na área da Sudene (Polígono da Seca)
Entre os beneficiados está Governador Valadares, cidade que tem um índice de desenvolvimento humano acima da média do Estado. A medida contempla ainda três municípios do Espírito Santo e poderá permitir que todas essas cidades tenham mais acesso a benefícios e recursos. Atualmente, já existem alguns poucos municípios dos dois estados na Sudene.
Ramalho defende a votação da proposta há muito tempo. Ele chegou a brigar com colegas mineiros que usavam do microfone antes de iniciar a votação, o que poderia impedir a aprovação.
ALELUIA PROTESTOU – Poucos parlamentares nordestinos se posicionaram claramente contra a matéria. O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) foi o mais eloquente:
“Esse projeto é contra o Nordeste. Os nordestinos que votarem a favor desse projeto vão ter de explicar para seus eleitores’.
Ramalho chegou a discutir com o deputado baiano quando este não parou de falar mesmo tendo o microfone cortado.
“Vossa Excelência não está respeitando o plenário” – disse Aleluia. “Me respeita” – gritou Ramalho. Os dois prosseguiram repetindo as frases por algumas vezes. E no fim, foram 294 votos a favor do projeto, mais que os 257 necessários. O texto segue para análise do Senado.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É dando que se recebe, conforme as normas políticas em vigor. A inclusão dos 80 municípios na área da Sudene foi um acerto de Temer com Ramalho, para garantir votos de Minas contra a denúncia ao Supremo. E a aprovação das regras do Fies foi para beneficiar as faculdades do deputado Bonifácio Andrada, autor do relatório contra o processo de Temer no STF. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É dando que se recebe, conforme as normas políticas em vigor. A inclusão dos 80 municípios na área da Sudene foi um acerto de Temer com Ramalho, para garantir votos de Minas contra a denúncia ao Supremo. E a aprovação das regras do Fies foi para beneficiar as faculdades do deputado Bonifácio Andrada, autor do relatório contra o processo de Temer no STF. (C.N.)
03 de novembro de 2017
Eduardo Bresciani
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário