Com a decisão do ministro Edson Fachin de homologar o acordo de delação premiada proposto pelos marqueteiros João Santana e Mônica Moura, o Tribunal Superior Eleitoral deverá decidir pela anulação da vitória, em 2014, da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer nas urnas de 2014. Isso porque, se o relator da operação Lava-Jato no Supremo validou a delação, é porque tacitamente considerou seu conteúdo como uma das peças decisivas no esquema de corrupção que abalou a Petrobrás e o próprio país.
A matéria foi bem destacada, em O Globo, pelos repórteres Carolina Brígido, André de Souza, Letícia Fernandes e Renata Mariz, e na Folha de São Paulo pelas repórteres Letícia Casado e Bela Megali. As duas matérias integram as edições de quarta-feira
SEM BASE – Dessa forma, a defesa do presidente Michel Temer, ao contrário da defesa da ex-presidente Dilma Rousseff, não pode ter base na tese da negativa, uma vez que o ministro Edson Fachin homologou a delação. Resta ao presidente da República a tese original da separação das contas realizadas na campanha.
A materialidade da denúncia foi patenteada na medida em que o relator da operação Lava-Jato na Corte Suprema aceitou incluir a delação no processo que tramita na Corte Suprema.
O adiamento da decisão, estabelecido na audiência de terça-feira no TSE, resguarda o mandato do presidente da República, mas até quando os adiamentos poderão se suceder sem que isso abale a posição política do Palácio do Planalto.
TUDO CONFIRMADO – Afinal de contas, João Santana e Mônica Moura, por sua vez confirmam o conteúdo de outras delações, estas por parte de ex-executivos da Odebrecht. O problema assim se complica para o presidente da República. É de se acreditar que a decisão final do caso, que poderá deslocar-se para o Supremo Tribunal Federal não atingirá um grau capaz de afastar Michel Temer de Brasília. Mas acrescentará um problema a mais para a presidência da República, em meio a dificuldades inevitáveis que vão surgir com a reforma da Previdência Social e com a reforma trabalhista.
A tese da separação das contas, por paradoxal que pareça, está sendo colocada no debate pelo PSDB, por ironia do destino, autor da ação que se propõe a anular o resultado das urnas de 2014. O adversário de ontem tornou-se o aliado de hoje. Coisas da política.
06 de abril de 2017
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário