Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marcelo Odebrecht revelou que a ex-presidente Dilma Rousseff sabia que a empreiteira estava usando o caixa 2 para pagar o marqueteiro João Santana, na campanha de 2014. O ex-presidente da empresa disse ainda que doou R$ 50 milhões na eleição como contrapartida à aprovação da Medida Provisória 470, que permitiu financiar dívida da Braskem. O GLOBO selecionou algumas falas do empresário sobre as doações à chapa Dilma-Temer.
“A Dilma sabia da dimensão da nossa doação, e sabia que nós éramos quem doa… quem fazia grande parte dos pagamentos via caixa dois para João Santana. Isso ela sabia”
“E ela sabia que a gente era responsável por muitos pagamentos para João Santana. Ela nunca me disse que ela sabia que era caixa dois, mas é natural, é só fazer uma…”
“Eu alertei ela (Dilma) e vários outros assessores dela”(sobre o pagamento de João Santana que poderia ser descoberto pela Lava-Jato)”
“Todo o marqueteiro tinha um problema com campanha, de você fazer a campanha e depois você paga. E aí, começou um processo, lá atrás, estou falando de 2008, onde eles procuravam acertar com a gente um valor e a gente dar um conforto a João Santana, que ele recebia”
“O Guido, na prática, ele só começou a solicitar para mim recursos para o PT a partir de 2011, quando o Palocci saiu da Casa Civil. Até então era com o Palocci a maior parte dos pedidos que tinha PT”
“A liturgia, a questão de educação, você não fala com o presidente ou o vice-presidente a questão do valor”
“Só que num jantar com o vice-presidente, até pela liturgia do cargo, as coisas se resolvem antes. Então, Cláudio já havia acertado com o Padilha antes que seria 10 e seria 6 para Paulo Skaf. Quando eu cheguei lá na casa do Michel Temer com o Cláudio, teve até uma primeira conversa — eu, ele e o Padilha —, que ficou mais ou menos acertado isso. Depois teve o jantar com o Michel, que foi um jantar institucional, até pela liturgia do cargo, eu nunca faria a falta de educação de mencionar valor”
“Em determinado momento, ele (Skaf) até me colocou numa ligação celular com Michel (Temer), que ele falou: “Marcelo, tem alguém aqui querendo falar com você”. Aí eu atendi, era o Michel, e falou: “Marcelo, a importância de apoiar [conversa totalmente institucional], a importância de apoiar o Paulo”. Aí, falei: “Sim, presidente, pá, pá”, desliguei o assunto”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como se vê, o grau de intimidade do empresário com os políticos era intenso. É claro que uma situação desse tipo não poderia se sustentar para sempre. O pior é acharem que na Era da Informática, alguma coisa pode ficar sob sigilo… (C.N.)
27 de março de 2017
Deu em O Globo
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