Cem dias depois de ser encarcerado, o ex-governador Sérgio Cabral vê suas chances de sair da prisão cada vez menores. Desde que foi preso, em 17 de novembro do ano passado, as investigações revelaram sua enorme ambição para cobrar propinas, prenderam sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo, desvendaram outros elos da organização criminosa que seria comandada pelo peemedebista e deixaram complicado o caminho para uma delação premiada.
Agora, porém, um Cabral recluso, abatido e sem os luxos a que estava acostumado, mas ainda com algumas regalias, habita com nervosismo a cela C6, da cadeia pública Pedrolino Werling de Oliveira, popularmente conhecida como Bangu 8.
Agora, porém, um Cabral recluso, abatido e sem os luxos a que estava acostumado, mas ainda com algumas regalias, habita com nervosismo a cela C6, da cadeia pública Pedrolino Werling de Oliveira, popularmente conhecida como Bangu 8.
E os próximos 100 dias de Cabral na prisão podem ser ainda piores. Tanto no Rio quanto em Curitiba, a tendência é que Justiça decida por sua condenação em processos originários da Operação Calicute, devido ao farto material probatório colhido nas operações subsequentes àquela que o levou à prisão.
AVALANCHE DE DENÚNCIAS – Os depoimentos de testemunhas de defesa e acusação já foram agendados para março nos dois processos mais avançados da avalanche de denúncias apresentadas contra o ex-governador pelo Ministério Público Federal.
O cerco a Cabral se fecha dia após dia, porque as investigações ainda estão em curso e novos delatores podem surgir, como o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Jonas Lopes.
O cerco a Cabral se fecha dia após dia, porque as investigações ainda estão em curso e novos delatores podem surgir, como o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Jonas Lopes.
O baque com o avanço veloz das investigações é tamanho que a linha de defesa do ex-governador se mantém indefinida. Em janeiro, logo após a prisão do ex-bilionário Eike Batista, aliados do peemedebista faziam parecer que um acordo de delação premiada era uma questão de tempo.
E pouco tempo, já que Eike também poderia delatar e reduzir as chances de que o Ministério Público aceitasse uma negociação com Cabral.
E pouco tempo, já que Eike também poderia delatar e reduzir as chances de que o Ministério Público aceitasse uma negociação com Cabral.
MAS DELATAR QUEM? – Esta é uma das dúvidas que assola a estratégia de defesa de Cabral. Entre os procuradores, o que se comenta é: tem uma fila de investigados querendo delatar. Se todos fecharem acordos, quem será réu?
Há outro temor no entorno de ex-governador, segundo uma das fontes ouvidas pelo Globo. Até quando a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, com quem Cabral se encontra semanalmente na prisão, suporta a pressão.
E sua ex-mulher, Susana Neves, que tinha suas despesas pagas com dinheiro oriundos de propina, não pode contar mais esquemas envolvendo o peemedebista?
E sua ex-mulher, Susana Neves, que tinha suas despesas pagas com dinheiro oriundos de propina, não pode contar mais esquemas envolvendo o peemedebista?
Numa tentativa de reduzir esses danos, há uma estratégia em curso para tentar convencer a Justiça a libertar Adriana Ancelmo, segundo a fonte ouvida pelo Globo. Isso aliviaria, na avaliação do entorno do peemedebista, a pressão sobre os demais acusados e poderia abrir a possibilidade para negociar entre eles uma delação premiada coletiva.
FILHO DEPUTADO – Quem estaria construindo essa estratégia é o deputado federal Marco Antônio Cabral (PMDB-RJ), filho do ex-governador e sua ponte com o mundo exterior.
Os dois se encontraram semanalmente nos últimos 100 dias, quando não mais de uma vez por semana, segundo fontes de Bangu 8 ouvidas pelo Globo.
Aos mais próximos, o parlamentar diz que tem um “esquema” para entrar sem ser notado no presídio e em diferentes locais dos previstos para visitação de presos.
Os dois se encontraram semanalmente nos últimos 100 dias, quando não mais de uma vez por semana, segundo fontes de Bangu 8 ouvidas pelo Globo.
Aos mais próximos, o parlamentar diz que tem um “esquema” para entrar sem ser notado no presídio e em diferentes locais dos previstos para visitação de presos.
Na avaliação do grupo ligado a Cabral, é importante construir uma imagem de que ele está ficando com a saúde debilitada e que seu filho caçula, Mateus, está com problemas e precisa da mãe para se restabelecer.
Foi dentro dessa estratégia que foram divulgadas informações de que o ex-governador tinha recebido atendimento médico após ingerir um coquetel de remédios. Funcionários do presídio ouvidos pelo Globo confirmaram que ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) por ingestão de doses elevadas de medicamentos.
Mas essas mesmas fontes interpretaram o episódio como uma tentativa de agravar um quadro clínico que poderia lhe permitir argumentar um pedido de prisão domiciliar.
Mas essas mesmas fontes interpretaram o episódio como uma tentativa de agravar um quadro clínico que poderia lhe permitir argumentar um pedido de prisão domiciliar.
“PRIVACIDADE” – O Globo pediu à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informações sobre a lista de visitas do ex-governador e seu histórico de atendimentos médicos. O órgão informou que “tais informações não serão informadas por motivo de privacidade do interno, privacidade essa que é concedida a qualquer interno do sistema penitenciário.”
Na prisão, Cabral passa a maior parte do tempo na biblioteca, segundo relatos ouvidos pela reportagem. Ele fica no local por horas, sem conversar com quase ninguém.
Ele se encontra regularmente com a mulher, que segundo essas fontes, tem se apegado à religiosidade para enfrentar o cárcere e anda acompanhada de um terço durante todo dia. Adriana sofreu muito nos primeiros dias de prisão, com crises de choro, assim como o marido que, quando chegou a Bangu, também teve um momento de desespero.
Ele se encontra regularmente com a mulher, que segundo essas fontes, tem se apegado à religiosidade para enfrentar o cárcere e anda acompanhada de um terço durante todo dia. Adriana sofreu muito nos primeiros dias de prisão, com crises de choro, assim como o marido que, quando chegou a Bangu, também teve um momento de desespero.
ALIMENTAÇÃO DIFERENCIADA – A alimentação dos dois também é um pouco melhor do que a da maioria dos presos, tanto porque gastam mais dinheiro na cantina de Bangu 8, como por receber mais comida de fora da prisão. Segundo as fontes ouvidas pelo Globo, a revista dos alimentos levados aos dois passa por uma triagem menos severa do que a dos demais detentos. E o colunista Lauro Jardim revelou ainda que o ex-governador estaria pagando R$ 15 a outro prisioneiro para fazer a limpeza de sua cela.
Em Bangu 8, muitos funcionários contam os dias para que Cabral seja transferido para o Batalhão Especial Prisional (BEP), que está sendo reformado e deve receber os presos da Operação Calicute com ensino superior.
Eles se sentem monitorados pelos superiores por causa do preso ilustre. Já o Ministério Público vê na transferência uma possibilidade de ampliar as regalias do ex-governador.
Eles se sentem monitorados pelos superiores por causa do preso ilustre. Já o Ministério Público vê na transferência uma possibilidade de ampliar as regalias do ex-governador.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A reforma de uma prisão especial especialmente para receber Cabral e sua quadrilha é um escárnio, uma afronta à opinião pública. Mas o que esperar de um governo comandado por um corrupto apelidado de Pezão? Alías, recentemente o parceiro de Cabral ganhou nova alcunha e passou a ser chamado também de “Mão Grande“. (C.N.)
24 de fevereiro de 2017
Jeferson Ribeiro e Daniel BiasettoO Globo
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