"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 3 de julho de 2016

A FOME

Em pleno século XXI, a fome ainda persiste no mundo, apesar do excedente da produção de alimentos. 

Confira abaixo artigo do jornalista Alvaro Costa e Silva, falando do livro “A Fome”, de Martín Caparrós, que está sendo lançado no Brasil pela Bertrand Brasil. Aproveitando o ensejo, um clássico brasileiro sobre o tema é o livro "Geografia da Fome", do geógrafo pernambucano Josué de Castro.


A fome mais canalha
Alvaro Costa e Silva – Folha de S.Paulo


Sairá no início de julho um livro de doer o estômago: "A Fome", de Martín Caparrós. Editado pela Bertrand Brasil, a quarta capa traz o seguinte trecho: "Se você se der ao trabalho de ler este livro, se você se entusiasmar e lê-lo em — digamos — oito horas, nesse lapso terão morrido de fome umas oito mil pessoas".


Não será fácil lê-lo em oito horas: a obra tem mais de 700 páginas. E machuca, incomoda, revolta, a cada uma delas. 
É esta a intenção do autor que, a certa altura, confessa que ele próprio não gostaria de ler o livro que está escrevendo e que o levou a viajar pelo mundo: Índia, Bangladesh, Níger, Quênia, Sudão, Madagascar, Argentina, Estados Unidos, Espanha. 
O Brasil também é citado, como país emergente na exportação de alimentos que aceita as regras especulativas do livre-comércio global.


O jornalista argentino radicado em Barcelona mostra que, hoje, há muito mais gente com fome — ou mesmo em situação de "hambruna", fome generalizada, escassez absoluta de alimentos em determinada região — do que há 40 anos. 
Quase um bilhão de pessoas incapazes de suprir suas necessidades de alimentação.


As razões são a perda de terras, o fim do apoio estatal, a manipulação dos preços internacionais, que arruinaram os agricultores, expulsando-os da própria terra e levando-os a morar nas favelas e na periferia das grandes cidades, onde vivem de maneira pior.


Em sua argumentação — que assume a forma ora da reportagem, ora do ensaio, e até do panfleto à século 19 — Caparrós está convencido de que temos a capacidade de alimentar todo o mundo. 

Segundo ele, a fome contemporânea é a mais canalha da história: nem sequer existe a justificativa de que não há comida suficiente. Não o fazemos devido a um sistema de circulação de bens que concentra a riqueza nas mãos de poucos.


03 de julho de 2016
in notícias da paulicéia

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