"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

SUPREMO NÃO RECONHECE IMUNIDADE E BOLSONARO SERÁ RÉU EM AÇÕES PENAIS



A RedeTV! gravou o diálogo, que mostra dois destemperados


















O Supremo Tribunal Federal aceitou nesta terça-feira (dia 21) denúncia e transformou em réu o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por incitação ao crime de estupro. O tribunal ainda acolheu uma queixa-crime contra o congressista por injúria. Com isso, ele passa a responder por duas ações penais. As acusações foram motivadas por declaração de Bolsonaro no plenário da Câmara e também durante entrevistas afirmando que só não “estupraria” a colega Maria do Rosário (PT-RS), ex-ministra de Direitos Humanos, porque ela “não merecia”.
O caso foi discutido pela primeira turma do STF, que recebeu a denúncia por quatro votos a um. Agora, Bolsonaro responderá uma ação penal por apologia ao crime e se for condenado pode ser punido com pena de três a seis meses de prisão, mais multa.
Ele foi denunciado pela Procuradoria Geral da República.Os ministros também abriram outra ação penal por injúria contra Bolsonaro pelo episódio – a partir de uma queixa-crime apresentada pela deputada.
SEM IMUNIDADE – Para a maioria dos integrantes da turma do Supremo, neste episódio, Bolsonaro não estava respaldado por imunidade parlamentar porque o fato não tinha ligação com o exercício do mandato.
Os ministros também consideraram que não se pode subestimar os efeitos dos discursos que possam gerar consequências como o encorajamento da prática do estupro.
Relator do caso, o ministro Luiz Fux afirmou que a mensagem passada pela afirmação de Bolsonaro não só menospreza, inferioriza o papel da mulher, como prega que mulheres estivessem na posição de merecimento ou não para casos de estupro.
ESTADO DE MEDO – “A violência sexual é um processo consciente de intimidação pelo qual as mulheres são mantidas em estado de medo”, disse Fux. O relator foi seguido pelos ministros Edson Fachin, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.
“Todas as pessoas merecem respeito e penso que ninguém deve achar que a incivilidade a grosseria com o outro são formas naturais de viver a vida”, afirmou Barroso.
“[ A declaração] é ofensa também a condição feminina de maneira geral. É a naturalização do desprezo, a naturalização da violência contra a mulher. Eu penso que é impossível não acreditar que esse tipo de atitude não contribua para uma cultura de violência, para uma cultura de estupro que ainda é recorrente no Brasil”, completou.
ARROUBO DE RETÓRICA – O ministro Marco Aurélio Mello foi o único a defender a rejeição das duas ações. Ele justificou que o deputado estava protegido pela imunidade parlamentar e que teria agido por um arroubo de retórica. Segundo ele, é lastimável que o Supremo perca tempo com a situação jurídica como a presente. “Durma-se com esse barulho. É o preconceito invertido”, disse.
O caso ocorreu em dezembro de 2014. Conhecido por suas posições polêmicas, contrárias aos direitos humanos, Bolsonaro atacou a ministra ao rebater um discurso feito por Maria do Rosário minutos antes no plenário da Câmara, no qual a ex-ministra defendeu a Comissão da Verdade e as investigações dos crimes da ditadura militar.
“Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Fique aí, Maria do Rosário. Há poucos dias [na verdade a discussão ocorreu há alguns anos] você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir”, afirmou Bolsonaro.
Irritado, o deputado também mandou a deputada “catar coquinho” e fez sucessivos ataques ao governo Dilma Rousseff.
“Maria do Rosário, por que não falou sobre sequestro, tortura, execução do Prefeito Celso Daniel, do PT? Nunca ninguém falou nada sobre isso aqui, e estão tão preocupados com os direitos humanos. Vá catar coquinho”, disse o deputado. “Mentirosa, deslavada e covarde”, completou.
DITADURA MILITAR – Em seu discurso, Maria do Rosário criticou as manifestações pelo país que defendem o retorno da ditadura militar, o que irritou Bolsonaro.
A petista também fez uma defesa da democracia e das Forças Armadas que não são “avessas ao Estado democrático de direito”.
Esta é a segunda vez em que Bolsonaro, na condição de deputado, diz que não estuprará Maria do Rosário porque ela não merece. Em novembro de 2003, ele discutiu com ela, que era deputada, diante das câmeras da RedeTV! no Congresso Nacional.
A então deputada acusou Bolsonaro de promover violência, inclusive violência sexual: “O senhor promove sim”, dizia a deputada. “Grava aí que agora eu sou estuprador”, retrucou o pepista. “Jamais iria estuprar você, porque você não merece”, acrescentou.
BOFETADA – Diante da fala, Maria do Rosário disse que daria uma bofetada em Bolsonaro se este tentasse algo.
Passou a receber empurrões do deputado, que a respondia “dá que eu te dou outra”, antes de começar a chamá-la de “vagabunda” e ser contido pelos seguranças da Câmara.
Alterada, a petista o criticou por chamar qualquer mulher de “vagabunda”.
Em entrevista, Bolsonaro disse que a briga começou com um comentário sobre a redução da maioridade penal. Ao ouvir que Maria do Rosário era contrária à medida, sugeriu que a deputada contratasse o Champinha (Roberto Alves da Silva), que participou do estupro e assassinato de Liana Friedenbach, para ser motorista de sua filha.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– É um caso antigo. Maria do Rosário tem prazer em provocar Bolsonaro, que se extasia em provocar Maria do Rosário. Os dois se merecem. Quanto às ações penais, não vão dar em nada, é pura perda de tempo. A gravação da RedeTV! mostra que se trata de dois políticos desequilibrados. Simples assim. (C.N.)


22 de junho de 2016
Deu em O Tempo

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