"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O HOMEM NOVO, BUKHARIN E A ORIGEM E ESSÊNCIA DO MARXISMO CULTURAL

Não é coincidência que o Marxismo cultural, o pot-pourri das idéias de Lukács, Gramsci e da Escola de Frankfurt tenha iniciado na década de 1920. 

O Marxismo cultural é a tradução no ocidente dos experimentos levados adiante na primeira década da Revolução Russa no seu esforço para criar o Homem Novo forjado pelos valores comunistas. 

Bukharin, um dos poucos comissários Bolcheviques que sabia ler e escrever, clamava pela reforma da psicologia dos indivíduos nos moldes comunistas. Ele exorava como prioridade absoluta da sociedade Soviética a preparação sistemática do Homem Novo


Orlando Figes, num dos livros mais importantes escritos sobre a sociedade Soviética, The Whisperers, documenta detalhadamente alguns desses experimentos: 
1) dissolução da família; 
2) feminismo; 
3) revolução sexual; 
4) substituição da educação pelo doutrinamento partidário; 5) eliminação do espaço privado; 
6) politização e policiamento de todo comportamento humano; 
7) aparelhamento de todas as instituições sociais e públicas em apêndices do partido; 
8) propaganda sistemática e universal da ideologia comunista, e por aí vai, a lista é imensa e tenebrosa.

A moralidade comunista, que define o Homem Novo, é bastante simples e como assinalado por Sinyavsky está sintetizada nos poemas “TVS” deEduard Bagritsky e “A Esbórnia” de Mikhail Svetlov: o homem novo deve mentir se o partido o mandar mentir; ele deve matar, se o partido mandar matar. E ele deve se orgulhar e festejar essas qualidades. 

Em suma, o Homem Novo deve fazer o que o partido manda. Em essência, o Homem Novo é o militante leninista representativo: um escravo do Partido Comunista, um utensílio da sua liderança hierárquica, um servo fiel do seu líder.

A função primordial do Marxismo cultural [também chamado de “Teoria Crítica”] é esconder essa verdade primária por meio de uma névoa pretensamente filosófica, recheada por uma algaravia vazia e incompreensível, para criar um ambiente propício para a implantacão do comunismo através da revolução cultural, sem a necessidade de uma violenta revolução política tradicional. 

Instrumental para esse objetivo é despistar a essência leninista do Marxismo Cultural. Isso foi feito pela citação, apropriação e reinterpretação de idéias, conceitos, insights e filosofias ocidentais modernas. 
Quando o Marxismo ocidental fala de Hegel, Baudelaire, Nietzsche, Freud e Schoenberg, ele está falando de Lenin, Lenin, Lenin, Lenin e Lenin.

Bukharin inspirou uma das obras primas da literatura universal, Darkness at Noon, porque sua merecida desgraça pelas mãos de Stalin resume todo o espírito revolucionário. 
O ideário de Bukharin de criar o Homem Novo falhou miseravelmente exatamente porque foi bem sucedido. 

A bestialidade humana, resultado último do projeto e cometimento comunista, o exterminou. Ele próprio foi vítima dos homens que foram doutrinados a mentir, quando mandados mentir e morto pelos homens que foram criados para matar, quando ordenados a matar.

22 de junho de 2016
in selva brasilis

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