"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O BRASIL NÃO PODE ESPERAR

O Brasil não pode mais esperar. Fica refém da crise política que se abateu sobre Brasília com as revelações da Operação Lava-Jato, enquanto a economia continua com dificuldades para avançar. Com a troca de comando no Ministério da Fazenda, uma boa dose de otimismo veio à tona. Mas a crise política atravanca a economia e as oportunas mudanças patrocinadas pelo ministro Henrique Meirelles e equipe ainda não surtiram os efeitos por todos aguardados. A retomada da produção econômica deve ser a prioridade número um. Sem a reação imediata, o risco é de agravamento da delicada situação em que nos encontramos e da proximidade do caos absoluto.

A Lava-Jato, que desnudou as entranhas da corrupção que tantos malefícios produz, deve continuar suas investigações de forma equilibrada e distante dos holofotes televisivos. As autoridades envolvidas nas investigações não podem se tornar estrelas de uma história cujo enredo envergonha os homens de bem desse país. Nesse sentido, é importante que figuras proeminentes da operação, como o procurador Deltan Dallagnol, tenham cuidado para não sucumbir ao proselitismo político, como ocorreu ao contribuir para a difusão da tese de que o PMDB trama contra as investigações.

Cabe aqui destacar também que figuras públicas de projeção nacional não podem se tornar presas fáceis de denuncismo sem provas. Algumas denúncias, por sinal, são absolutamente estapafúrdias, não resistem ao mero encadeamento dos fatos e têm motivações ambíguas e escusas. Ainda sobre o assunto, não se pode incorrer em equívocos grotescos como os pedidos de prisão do ex-presidente José Sarney, do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, e do ex-ministro do Planejamento e senador Romero Jucá, todos do PMDB, sem que tenha sido apontado crime de qualquer natureza. Pedidos de prisão baseados, tão somente, em depoimento do delator com o claro propósito de diminuição de sua pena. As investigações levadas a cabo pelo juiz Sérgio Moro não podem ser transformadas em ribalta para que procuradores acusem apenas para parecerem isentos perante a opinião pública, como no caso envolvendo Sarney, Renan e Jucá. A população aprova e apoia a Lava-Jato, mas também espera equilíbrio dos que estão à frente das operações legais.

Vivemos um dos momentos mais graves de toda a nossa história e a hora é de união das mais representativas forças políticas, econômicas e sociais do país em torno da administração de Michel Temer. Só assim o presidente em exercício poderá alcançar as ousadas metas a que se propôs para tirar o Brasil da maior recessão de que se tem notícia, em meio ao mais profundo e abrangente período de corrupção jamais visto.

Demonstração de maturidade em torno dessa aclamada união foi dada pelos partidos políticos que estavam na oposição ao governo passado, como o PSDB e o DEM, ao se alinharem ao novo governo de Michel Temer, no mais conturbado período vivido pelo país. Maturidade que falta aos deputados federais ao não resolverem a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados. Com isso, pouco se decide naquela Casa, prejudicando ainda mais a recuperação econômica.

Os cidadãos responsáveis do país clamam por consenso político duradouro, fincado em bases sólidas, como garantia da governabilidade indispensável para o Brasil, enfim, deixar de patinar e retomar o caminho do desenvolvimento.



22 de junho de 2016
Editorial Correio Braziliense

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