"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O TOMBO DA SUPERTELE

O pedido de recuperação judicial da operadora telefônica Oi, envolvendo uma gigantesca dívida de R$ 65 bilhões, é antes de tudo um atestado do fracasso da política dos campeões nacionais promovida pelo governo Lula, que tentou criar uma supertele brasileira para enfrentar as gigantes estrangeiras do setor. Em 2008, sem passar pelo Congresso Nacional, o governo mudou a lei das fusões e usou o Banco do Brasil e o BNDES para facilitar a operação. O apelo nacionalista esbarrou na incompetência gerencial e na dificuldade de modernização. Enquanto as concorrentes investiam na telefonia móvel, a Oi ficou presa durante muito tempo na telefonia fixa, que se tornou pouco rentável.

Mas não foi esse o único problema. A Oi também caiu por seu histórico confuso e recheado de arranjos políticos, que começou no processo de privatização do governo de Fernando Henrique Cardoso. Em 1998, com recursos do fundo de pensão do Banco do Brasil, o consórcio Telemar arrematou o lote das teles do Rio de Janeiro e de 15 outros Estados numa operação tão estranha, que o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, apelidou o grupo arrematador de ´telegangue´. Depois de virar Oi e já no governo Lula, a empresa obteve ajuda do Banco do Brasil e do BNDES para comprar a Brasil Telecom, que operava em 10 Estados. Assim nasceu a gigante da telefonia fixa, com mais de 60% do mercado nacional.

Quando começaram a aparecer passivos ocultos, a Oi beneficiou-se da mudança da legislação para associar-se à Portugal Telecom. E novamente surgiu uma dívida escondida, em euros, que se multiplicou até o descontrole atual.

Agora, para se proteger dos credores e do risco de falência, a operadora campeã de reclamações de consumidores busca o abrigo judicial. O desafio da Justiça, diante de tamanho descalabro, é encontrar uma forma de proteger os mais de 60 milhões de clientes da operadora para que não paguem pela má gestão e pela predatória ingerência política.



22 de junho de 2016
Editorial Zero Hora

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