O ex-presidente Lula é acusado pelo Ministério Público Federal de fazer tráfico de influência a favor da empreiteira, que concentrou 82% dos empréstimos do BNDES para empreendimentos fora do país desde 2006
O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou ontem um número estarrecedor.
O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou ontem um número estarrecedor.
A empreiteira Odebrecht, investigadíssima na Operação Lava Jato, recebeu 81,8% de todos os empréstimos feitos pelo BNDES para obras no exterior nos últimos dez anos. É um total de US$ 31.7 bilhões.
Fazendo um cálculo bastante conservador, com o dólar cotado a R$ 2,50 (hoje está mais para R$ 3,6), foram R$ 79 bilhões – ou R$ 7.9 bilhões por ano. Para apenas uma empresa. Dá mais ou menos 4,5 ministérios da Cultura, usando os dados de 2015.
O que pode justificar tanta generosidade para essa empreiteira?
Fazendo um cálculo bastante conservador, com o dólar cotado a R$ 2,50 (hoje está mais para R$ 3,6), foram R$ 79 bilhões – ou R$ 7.9 bilhões por ano. Para apenas uma empresa. Dá mais ou menos 4,5 ministérios da Cultura, usando os dados de 2015.
O que pode justificar tanta generosidade para essa empreiteira?
Bom, talvez os projetos no exterior exijam mais capacidade técnica das empresas, coisas que só uma Odebrecht ou Andrade Gutierrez pode fazer por você.
Talvez seja porque vários presidentes brasileiros “vendam” o Brasil no exterior desde sempre, inclusive para regimes pouco democráticos como o angolano e cubano.
Talvez porque o ex-presidente Lula tenha feito tráfico de influência em favor da Odebrecht, conforme acusação do Ministério Público Federal.
Uma série de reportagens da Brio Media – intitulada “A mão invisível do BNDES na América Latina” – mostra como o banco público brasileiro investiu pesadamente em obras inviáveis e corruptas em países como a Venezuela e Equador. (Esta reportagem de Consuelo Dieguez mostra, especificamente, o impacto deletério dos erros do BNDES na indústria naval.)
A CPI que investigaria o BNDES terminou em fevereiro deste ano sem pedidos de indiciamento, apesar de fortes indícios de crimes.
Uma série de reportagens da Brio Media – intitulada “A mão invisível do BNDES na América Latina” – mostra como o banco público brasileiro investiu pesadamente em obras inviáveis e corruptas em países como a Venezuela e Equador. (Esta reportagem de Consuelo Dieguez mostra, especificamente, o impacto deletério dos erros do BNDES na indústria naval.)
A CPI que investigaria o BNDES terminou em fevereiro deste ano sem pedidos de indiciamento, apesar de fortes indícios de crimes.
Não adianta esperar investigações sérias dos parlamentares. Agora, só os procuradores, policiais federais e servidores da ex-CGU conseguem responsabilizar políticos e empresários por atos corruptos.
Quem sabe, com a delação de Marcelo Odebrecht, os brasileiros sejam informados dos “malfeitos” cometidos pela instituição comandada, até outro dia, pelo economista Luciano Coutinho.
12 de junho de 2016
Sérgio Praça, Veja
12 de junho de 2016
Sérgio Praça, Veja
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