"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

AO ACUSAR TEMER DE CORRUPÇÃO, JANOT ESTÁ QUERENDO DESESTABILIZAR O GOVERNO

Janot se acha a esperança do Brasil, mas age irresponsavelmente


O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse, em delação premiada, que recebeu pedido de propina do presidente interino Michel Temer para financiar a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012. O valor acertado entre ambos foi de R$ 1,5 milhão. O pagamento teria saído dos cofres da Queiroz Galvão, uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato.

O depoimento revela “que Chalita não estava bem na campanha; que o depoente (Sérgio Machado) foi acionado pelo senador Valdir Raupp para obter propina na forma de doação oficial para Gabriel Chalita; que posteriormente conversou com Michel Temer, na Base Aérea de Brasília, provavelmente no mês de setembro de 2012, sobre o assunto, havendo Michel Temer pedido recursos para a campanha de Gabriel Chalita”.

Ainda segundo Machado, “o contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita; que ambos acertaram o valor, que ficou em R$ 1,5 milhão”.

PRESIDÊNCIA DO PMDB – Em outro ponto da delação, Machado disse que Temer reassumiu a presidência do PMDB em 2014 para controlar a destinação de uma doação de R$ 40 milhões feita pelo PT. Os recursos seriam oriundos da JBS, controladora do frigorífico Friboi. Machado disse ter tomado conhecimento disso em reuniões na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas não lembra quem disse isso.

Segundo Machado, “o apoio financeiro do PT foi um dos fatores que fizeram com que Michel Temer reassumisse a presidência do PMDB, visando controlar a destinação dos recursos do partido”. Em 2014, houve um batalha interna no partido para definir se haveria apoio à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. A ala que queria continuar com o PT venceu a disputa e Temer foi novamente candidato a vice na chapa.

NA CASA DE RENAN – Machado contou inclusive que, numa das reuniões na casa de Renan, encontrou o diretor da JBS, Francisco de Assis e Silva. Segundo o ex-presidente da Transpetro, “nesta oportunidade, o diretor da JBS comentou comigo que vinha ajudando em diversas campanhas políticas” e que, “no que diz respeito ao PMDB, seriam contemplados por doações da JBS a diversos Senadores: Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, Eunício Oliveira, Vital do Rêgo, Eduardo Braga, Edison Lobão, Valdir Raupp, Roberto Requião e outros”.

No pedido de homologação da delação encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, faz citações ao presidente interino Michel Temer. Primeiro, Janot diz que o presidente é uma das autoridades com foro privilegiado sobre as quais a delação traz detalhes. Depois, o procurador-geral relaciona os possíveis crimes existentes a partir da narrativa de Machado: organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, “com envolvimento do vice-presidente da República, de senadores e deputados federais”.

CONTRA A LAVA JATO – Além disso, o pedido encaminhado ao STF relaciona a ascensão de Temer ao exercício da Presidência da República ao suposto plano para obstruir as investigações da Lava-Jato. “Os efeitos desse estratagema estão programados para serem implementados com a assunção da Presidência da República pelo vice-presidente Michel Temer e deverão ser sentidos em breve, caso o Poder Judiciário não intervenha”, escreve Janot no documento enviado ao STF em 12 de maio.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A grande pergunta que se faz: Qual é a do Janot. Depois de sentar sobre os 12 inquéritos de Renan durante meses, a tal ponto que um prescreveu, e agora são novamente 12 ou 13, já se perdeu a conta, de repente Janot se transfigura. Acusa Temer formalmente, sem nenhuma prova concreta, apenas uma menção feita de Sérgio Machado, um personagem em nada confiável, muito pelo contrário. Ao que parece, Janot quer causar tumulto, desestabilizar o novo governo e “melar o jogo” para que haja novas eleições. Por enquanto, vamos ficar por aqui, mas depois a gente volta para fazer a tradução simultânea desse estranhíssimo personagem Janot, que mais parece saído de um romance do genial Robert Louis Stevenson. Uma hora ele é Dr. Jekyll, daqui a pouco se torna Mr. Hyde. (C.N.)


15 de junho de 2016
Carolina Brígido, Jailton de Carvalho, André de Souza e Vinicius Sassine
O Globo

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