Nesses dias tenebrosos que vivemos, o uso do termo vem se repetindo com frequência no mundo político para definir o nosso país. De início pelos opositores do governo por conta do caos político, econômico e social que se instalou nos treze anos de desmandos do lulopetismo, mas, também, pelas calamitosas alianças estabelecidas com os países ditos bolivarianos, liderados pela Venezuela, e com outras ditaduras, das quais Cuba é o exemplo maior.
Mais recentemente, o termo republiqueta, por ironia, foi apropriado pelos próprios petistas, agora a nova oposição, para justificar o “golpe” que afastou a presidente petista; golpe que, de resto, nem de longe ocorreu, uma vez que o processo de impeachment instalado teve o apoio maciço da sociedade, do Congresso Nacional e a permanente supervisão e acompanhamento do STF, tudo rigorosamente de acordo com a Constituição Federal.
O termo republiqueta tem muitas definições, mas a que julguei mais adequada foi: “Classificação vulgar que se dá a uma república que não tenha participação internacional expressiva. República insignificante. A intenção de quem usa a palavra é diminuir o status do país comentado, expressando sua indignação, insatisfação e até mesmo prepotência por parte de quem o faz.”
Ora, chamar o Brasil de republiqueta, é ofensivo à dignidade da nação e da nossa gente, e muito mais ainda quando o uso do termo é feito justamente por quem menos autoridade teria para fazê-lo, os dirigentes e políticos, os mesmos que por falta dos mais comezinhos princípios de ética, moral e responsabilidade, traem a confiança que os eleitores neles depositaram.
O Brasil jamais será uma republiqueta enquanto contar com instituições que inspirem respeito, que sirvam unicamente ao Estado e não a governos de turno e muito menos aos que praticam ideologias importadas. E uma dessas instituições são as Forças Armadas (FFAA), respeitadas por suas congêneres em todo o mundo, dentre outras razões, por sua postura democrática, organização, disciplina, preparo, profissionalismo e invejável sistema de ensino. Não é por outra razão que frequentemente somos instados a liderar delicadas missões sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU) nos mais conflituosos ambientes.
E sobre isso, essas mesmas FFAA deram recentemente uma histórica lição no governo petista, agora afastado, quando em sua autocrítica seus líderes apontaram como uma das causas da derrocada, o investimento inadequado na cooptação dos militares. Completo desconhecimento de quem somos.
Nossos dirigentes e políticos terão que aprender que não se trata de ser o Brasil uma republiqueta. A republiqueta são eles próprios, o mundo sujo deles. A quem de nós, por exemplo, cidadãos honestos, no contexto em que vivemos, preocupam as penas severas aplicadas pelos juízes de Curitiba? A quem de nós interessa se o delator premiado extrapolou? Se deve delatar solto e não atrás das grades? Ou se o vazamento de uma gravação clandestina tem valor testemunhal ou não? Claro que nenhuma preocupação. Ao menos os que não têm o rabo preso.
No entanto, hoje não temos nenhuma dúvida de que a grande maioria dos políticos, em todos os escalões, no mínimo, praticaram crimes ou graves delitos. É só ouvir o teor das inúmeras gravações clandestinas que se sucedem na mídia.
Nem é o caso de discutir se têm ou não validade criminal. Elas mostram que todos, sem exceção, por razões escusas, têm como objetivo maior: obstar a ação da Justiça, do juiz Sergio Moro em particular, e prejudicar o desenvolvimento da Operação Lava-Jato. Sabem que têm contas a ajustar com a Lei.
O mundo político está apodrecido. O expurgo dessa gente é condição indispensável para que nosso País readquira o respeito da sociedade. Custe o que custar vai valer a pena.
31 de maio de 2016
Gilberto Pimentel, General, é Presidente do Clube Militar.
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