"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 31 de maio de 2016

GRAVAÇÕES DE SÉRGIO MACHADO SÃO A NOVA ESCOLA BASE DA IMPRENSA, AGORA APLICADA À POLÍTICA.

VAZAMENTOS, NÃO RESTA DÚVIDA, BUSCAM INVIABILIZAR O GOVERNO TEMER. HOUVE CRIME, TUDO CERTO! MAS NÃO HÁ! É SÓ APOSTA NO CAOS


Desculpem-me os afoitos. Não vou entrar na histeria coletiva. Os áudios do senhor Sérgio Machado são a nova Escola Base do jornalismo brasileiro, agora na esfera política: são a escandalização do nada. Quando acho uma coisa grave, digo, venha de onde vier: não hesitei um minuto em defender a demissão do senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Embora não haja crime nenhum na sua conversa com Machado, fica a clara sugestão de que ele achava que o governo Temer poderia dar uma contornada na Lava-Jato. Não poderia. Mas e daí? Também me opus de maneira clara é inequívoca à condução do sr. André Moura (PSC-SE) à liderança do governo na Câmara.

Mas e quanto a Fabiano Silveira, novo ministro da Transparência? Novas fitas de Machado registram uma conversa havida há mais de três meses em que o agora titular da pasta dá dicas jurídicas ao próprio Machado e a Renan. ATENÇÃO! Ele não sugere nenhuma ilegalidade. Ao contrário: recomenda, num dos casos, que se respeitem os ritos da Procuradoria-Geral da República.
É impressionante o que está em curso. Acusa-se a existência de uma conspiração com base em conversas gravadas, sem que haja, no entanto, o menor indício de que eventuais intenções se transformaram em gestos. Ou há algum indício de interferência na Lava-Jato? Na conversa em que aparece a fala de Silveira, há apenas a recomendação de que se siga a lei.

Tenham paciência! Agora fico sabendo que diretores regionais do ministério estão se demitindo. Há quem fale em greve. É claro que se trata do PT agindo nos bastidores para inviabilizar o governo.

Quem quer que tenha usado Machado para blindar a Lava-Jato de eventuais interferências políticas está fazendo um mal imenso ao país. Advogados, procuradores, delegados da PF e o próprio Rodrigo Janot sabem que não há crime nenhum ali.

Nesta segunda, aliás, vieram a público detalhes da delação do ex-deputado Pedro Correa. Ele deixou claro: Lula sempre soube de tudo e sempre esteve no comando. Ainda voltarei ao assunto.
É verdade. Esteve e ainda está à frente de um dos três polos de poder que há hoje no Brasil: o governo oficial, de Temer; o governo clandestino, o do PT. E o governo oculto, mas que hoje determina o que acontece com o país: a Lava-Jato.

Está claro, hoje, que só a operação pode manter a operação nos limites da legalidade. No ritmo em que alguns pretendem que as coisas caminhem, vai nos restar a criação de um Comitê de Salvação Pública. Quem se candidata a ser o Robespierre? Quem vai decidir quais cabeças devem ser cortadas em processos extrajudiciais?

E pensar que celerados de extrema direita e de extrema esquerda defendem um regime plebiscitário, em que tudo se defina na praça, na base do berro…



31 de maio de 2016
Reinaldo Azevedo, Veja online

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