Depois do trágico acidente que neste fim de semana ceifou a vida de Roger Agnelli, um dos mais brilhantes economistas e administradores brasileiros – e responsável pela modernização e dinamização da Vale – a presidente Dilma Rousseff emitiu nota manifestando seu “grande pesar” pela perda de “um brasileiro de extraordinária visão empreendedora”.
Tratam-se de lágrimas de crocodilo essas, pois a independência e a capacidade empresarial de Agnelli foram motivo de irritação para Dilma nos anos de governo Lula em que foi ministra das Minas e Energia e depois ministra Chefe da Casa Civil.
Quando , finalmente, em 2011, Agnelli foi ejetado da presidência da Vale – em manobra articulada entre o governo e alguns de seus principais acionistas privados - o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda comemoram a demissão. Saiu por ter defendido a empresa das ingerências do governo e dos partidos, e por ter se recusado a ser flexível com demandas inaceitáveis.
Em 2010, entre o primeiro e o segundo turno das eleições que levaram Dilma Rousseff à Presidência da República, Agnelli criticou públicamenteas tentativas que vinham sendo feitas de aparelhamento da Vale. O que disse foi registrado pela imprensa: “Tem muita gente procurando cadeira, e normalmente é a turma do PT”.
Lula, que no começo de seu governo dizia-se um “apaixonado” por Agnelli a partir de 2007 transformou o amor em ódio, depois que o empresário decidiu comprar cinco supercargueiros na Ásia, a preços muito mais baixos do que os oferecidos pelos estaleiros brasileiros que simplesmente não tinham condições de produzir tais naves gigantescas.
Executivo de carreira do Bradesco, Roger Agnelli foi indicado à presidência da Vale em 2001. Nos dez anos em que comandou a empresa, elevou seu lucro de três bilhões para trinta bilhões de reais. Sua visão da conjuntura mundial impressionou aos senadores que, há duas semanas, participaram da Audiência Pública organizada pela Comissão de Relações Exteriores, sobre o tema Brasil-China.
21 de março de 2016
diário do poder
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