A entrevista do jurista, humanista, advogado, ex-procurador de Justiça e ex-deputado federal pelo PT, por dois mandatos, Hélio Bicudo, ao penúltimo programa “Roda Viva”, da TV Cultura, acompanhado da advogada e professora de direito penal da USP Janaína Paschoal, é uma lição de cidadania, ética e amor ao Brasil.
Não poderia deixar passar em branco a oportunidade de registrar aqui a presença, no programa comandado pelo jornalista Augusto Nunes, de um dos esteios morais e políticos de Lula quando este era, apenas, um sindicalista. Aos 93 anos, dono de lucidez invejável (ao contrário do que maldosamente dizem alguns críticos), ainda se sente com energia para transmitir, sobretudo a uma boa parte dos jovens idealistas (àquela que ainda não foi contaminada pelo nepotismo ou pela aceitação explícita da corrupção como prática política), a esperança de que se pode, sim, mudar os rumos erráticos que o país tomou há muitos anos e que se tornaram ainda piores nesses últimos 12 anos, com a então esperançosa chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder.
Hélio Bicudo, muito bem acompanhado do advogado, jurista, professor e ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Miguel Reale Junior e de Janaína Paschoal, é autor (junto com Reale Júnior e Janaína) de um dos pedidos de impeachment (que é, sem dúvida, o mais bem-fundamentado) contra a presidente Dilma Rousseff, submetido, há poucos dias, ao exame do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Assustei-me, no início, com a primeira intervenção da advogada Janaína Paschoal (foi apenas ela quem o acompanhou no programa), que me deu a impressão de que ofuscaria, no vídeo, a figura inquebrantável do velho batalhador das grandes causas. Enganei-me. Expansiva, de palavra fácil e gestos largos, a professora da USP permitiu que Hélio Bicudo exibisse brilho e vigor. Depois, em outras intervenções, disse a que veio ao mostrar o seu conhecimento do direito de modo geral, mas, principalmente, dos direitos penal e constitucional.
Mas a noite tinha que ser de Hélio Bicudo. Vale a pena ver, na internet, o programa “Roda Viva” da penúltima segunda-feira.
Sinto interromper o que poderia dizer de bom de um dos fundadores do PT, que dele se desligou desde o escândalo do mensalão. Todavia, infelizmente, a iniciativa do advogado Luiz Inácio Adams, chefe da Advocacia Geral da União, a propósito do julgamento das pedaladas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), me leva a mudar de assunto para afirmar que, com tal manobra, o governo Dilma só faz deteriorar o conceito que dele faz, hoje, a imensa maioria dos brasileiros.
Como se não bastasse uma reforma política fajuta, absolutamente casuística, feita com o único propósito de barganhar cargos para impedir, no Congresso Nacional, o início de um processo de impeachment contra a presidente, tenta o governo, por meio da AGU, afastar o relator Augusto Nardes sob o argumento de que ele antecipou o seu voto em entrevistas concedidas à imprensa.
(Escrevo na véspera do julgamento pelo TCU). Sem entrar no mérito jurídico do despropósito de tal iniciativa, utilizo-me do que disse deste governo, anteontem, o escritor Carlos Heitor Cony para concluir estas tristes linhas: não vejo, ainda, já consolidada, justificativa para o impeachment, “mas” – como disse Cony – “dona Dilma de tal maneira se avacalhou que não mais merece a função de presidir um país bichado pela obscenidade de um governo falido”.
09 de outubro de 2015
Não poderia deixar passar em branco a oportunidade de registrar aqui a presença, no programa comandado pelo jornalista Augusto Nunes, de um dos esteios morais e políticos de Lula quando este era, apenas, um sindicalista. Aos 93 anos, dono de lucidez invejável (ao contrário do que maldosamente dizem alguns críticos), ainda se sente com energia para transmitir, sobretudo a uma boa parte dos jovens idealistas (àquela que ainda não foi contaminada pelo nepotismo ou pela aceitação explícita da corrupção como prática política), a esperança de que se pode, sim, mudar os rumos erráticos que o país tomou há muitos anos e que se tornaram ainda piores nesses últimos 12 anos, com a então esperançosa chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder.
Hélio Bicudo, muito bem acompanhado do advogado, jurista, professor e ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Miguel Reale Junior e de Janaína Paschoal, é autor (junto com Reale Júnior e Janaína) de um dos pedidos de impeachment (que é, sem dúvida, o mais bem-fundamentado) contra a presidente Dilma Rousseff, submetido, há poucos dias, ao exame do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Assustei-me, no início, com a primeira intervenção da advogada Janaína Paschoal (foi apenas ela quem o acompanhou no programa), que me deu a impressão de que ofuscaria, no vídeo, a figura inquebrantável do velho batalhador das grandes causas. Enganei-me. Expansiva, de palavra fácil e gestos largos, a professora da USP permitiu que Hélio Bicudo exibisse brilho e vigor. Depois, em outras intervenções, disse a que veio ao mostrar o seu conhecimento do direito de modo geral, mas, principalmente, dos direitos penal e constitucional.
Mas a noite tinha que ser de Hélio Bicudo. Vale a pena ver, na internet, o programa “Roda Viva” da penúltima segunda-feira.
Sinto interromper o que poderia dizer de bom de um dos fundadores do PT, que dele se desligou desde o escândalo do mensalão. Todavia, infelizmente, a iniciativa do advogado Luiz Inácio Adams, chefe da Advocacia Geral da União, a propósito do julgamento das pedaladas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), me leva a mudar de assunto para afirmar que, com tal manobra, o governo Dilma só faz deteriorar o conceito que dele faz, hoje, a imensa maioria dos brasileiros.
Como se não bastasse uma reforma política fajuta, absolutamente casuística, feita com o único propósito de barganhar cargos para impedir, no Congresso Nacional, o início de um processo de impeachment contra a presidente, tenta o governo, por meio da AGU, afastar o relator Augusto Nardes sob o argumento de que ele antecipou o seu voto em entrevistas concedidas à imprensa.
(Escrevo na véspera do julgamento pelo TCU). Sem entrar no mérito jurídico do despropósito de tal iniciativa, utilizo-me do que disse deste governo, anteontem, o escritor Carlos Heitor Cony para concluir estas tristes linhas: não vejo, ainda, já consolidada, justificativa para o impeachment, “mas” – como disse Cony – “dona Dilma de tal maneira se avacalhou que não mais merece a função de presidir um país bichado pela obscenidade de um governo falido”.
09 de outubro de 2015
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