"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 6 de setembro de 2015

OS MERCADORES DO TEMPLO. VEJA QUANTAS COISAS VOCÊ IGNORA! OU SE SABIAM, MINHAS DESCULPAS...

OS MERCADORES DO TEMPLO


Dia desses li uma interessante frase de Adam Smith: “o homem é um animal que faz barganhas”. Este pensamento me trouxe à memória um outro, de Balzac, segundo quem “as pessoas generosas são más comerciantes”.

Comecei a meditar sobre o tema, lembrando-me de recente notícia dando conta de que o aluguel de uma barriga lá na Índia custa em torno de US$ 8 mil. 

Segundo consta, a procura de mães de aluguel por casais ocidentais tem sido tão grande que este já virou um emprego razoavelmente popular.

Falando em medicina, li que médicos norte-americanos cobram entre US$ 1.500 e US$ 25.000 por ano só para fornecer o número do telefone celular, garantia de pronto e imediato atendimento.

Ainda sobre medicina, e para quem esteja procurando cobaias humanas, elas custam em média US$ 7.500 - um pouco mais ou um pouco menos, dependendo da possível lesividade dos medicamentos que elas testarão.

Mas deixemos a medicina para lá. Falemos de prisões. Acredite: em Santa Ana, na California (EUA), condenados podem pagar por uma cela melhor, limpa, confortável e quieta, sem mais nenhum preso. Isto custa, em média, US$ 90 por noite.

Vem também daquele país um emprego que garante US$ 1.000 por dia, com transporte, alojamento e alimentação incluídos. Basta topar ir para a Somália ou Afeganistão participar de tiroteios em nome de alguma empresa privada que tenha contrato com as Forças Armadas.

Ainda nos EUA, se você for morador de Washington considere-se eximido de qualquer fila - desde que tenha US$ 36 para pagar por hora a um dedicado caboclo que ficará lá em pé, guardando o seu lugar.

Mas voltemos à Índia. Caso você deseje casar-se naquele país e não conheça ninguém para prestigiar a cerimônia, basta telefonar para a empresa “Best Guests Centre”, especializada em alugar convidados para casamentos. 


Esta empresa contrata atores para se fazerem presentes em qualquer cerimônia, observando vestuário e regras de etiqueta compatíveis com os desejos do cliente. 

Eles são tão detalhistas que chegam a estudar as famílias dos noivos, para evitar qualquer deslize que possa revelar a razão de suas presenças - o dinheiro!

E se você não estiver buscando casamento, contrariando a vontade dos pais? Neste caso, basta ir à China e procurar uma das muitas empresas daquele país que alugam noivas. 


Funciona assim: no final do ano, quando é da tradição local que os filhos visitem os pais, noivas ou noivos são alugados especificamente para estas visitas. 
Dizem que todos ficam felizes: os pais iludidos, os filhos que iludem e os atores que ganham dinheiro.

Que tal ser celebridade por um dia? Esta é a proposta da empresa “Celeb 4 a Day”, especializada em transformar qualquer um em alguém supostamente famoso por um dia ou dois. 


Você paga, e ao sair de casa, logo de manhã, terá na sua porta um batalhão de “repórteres” para entrevistá-lo. 

Ao longo do dia, concederá entrevistas coletivas em lugares públicos, como restaurantes ou até no meio da rua, e será insistentemente abordado por fãs de mentirinha que pedirão seu autógrafo.

Encerro esta narrativa mencionando um restaurante lá de Cullera, na Espanha, no qual clientes pagam para ter o direito de xingar os pobres garçons das mais variadas formas.

Diante de todos estes exemplos, retirados das páginas de jornais que leio cotidianamente, fico a pensar no novelista Jean Vercors, segundo quem “a humanidade não é um estado a que se ascenda. É uma dignidade que se conquista”.



06 de setembro de 2015
Pedro Valls Feu Rosa é desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo

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