"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 28 de abril de 2015

O ESTADO FALIDO

O modelo de Estado brasileiro, no sentido de administração pública, mostra-se a cada dia mais incapaz de responder às demandas da sociedade. União, Estados e municípios, com raríssimas exceções, gastam mais do que arrecadam e acumulam déficits impagáveis. A contrapartida do retorno, na proporção inversa, é representada por serviços públicos deficientes, como se pode constatar pela insegurança generalizada, pelo crescimento imparável da violência urbana, pelo caos da saúde pública, pela expansão urbana desordenada e a precariedade de serviços básicos de saneamento, além das conhecidas deficiências do sistema educacional.

A defesa de um setor público capaz de reavaliar o próprio gigantismo não significa a exaltação do tão alardeado Estado mínimo, mas de governos com tamanho e tarefas adequados às demandas e expectativas da sociedade e à capacidade dos contribuintes de sustentar tais estruturas. O Estado brasileiro não é apenas perdulário. É precariamente gerido, em todas as esferas, como demonstram as deficiências de prefeituras e administrações estaduais. Gestões atrofiadas passaram, em muitos casos, a ser um fim em si mesmas, como se empresas e pessoas tivessem a obrigação de sustentar quadros incapazes de justificar suas existências.


Reavaliar o tamanho do Estado deixou, há muito, de ser uma questão submetida à avaliação de ideologias. Racionalizar o funcionamento de governos significa adequar as instituições à realidade, o que deve levar em conta também os Legislativos e o Judiciário, ou a avaliação não terá sido completa. Os desarranjos que atingem União e unidades da federação deixaram de ser ocasionais. São o limite de uma deformação crônica, burocratizada e corrupta, que os brasileiros se negam a continuar patrocinando. Este é o grande debate que o país ainda não fez.

28 de abril de 2015
Zero Hora, RS

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