"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 28 de abril de 2015

NO BRASIL HÁ EXCESSO DE FALTA DO QUE FAZER




Stédile condecorado e abraçado por Fernando Pimentel
A semana passada foi a que possibilitou a subida de Cruzeiro e Atlético à etapa das oitavas de final da Copa Libertadores. Esse fato mexeu com o sentimento popular. Para o cidadão comum, cansado de crer em vão, isso valeu a pena, foi o fato importante. Foi também a semana de concessão da medida que majorou o fundo partidário, dinheiro do erário que deveria estar servindo ao custeio das obrigações genuínas do Estado e que será entregue na bandeja aos partidos políticos multiplicados às dúzias, que em nada acreditam, a ninguém representam, que nada inovam, nada sustentam, senão os interesses pessoais dos que os comandam. Essa verba seria mais do que suficiente para se comprar 145 mil vagas em universidades, ou para se construir por ano 1.300 postos de saúde no país.
Aconteceu também a tão esperada publicação do balanço da Petrobras, com resultados que a ninguém somou coisa alguma, mas o Tesouro perdeu muito. E, ainda, a aprovação pela Câmara da lei de terceirizações do trabalho, que, essa sim, deveria ser comemorada por empregados e empregadores. É um equívoco, no meu entendimento, que sou empregado e lido com relações laborais de empresas, pensarmos que essa lei prejudica e desvaloriza o trabalho, reduz garantias e a sua remuneração.
As empresas estão com o pé no freio para não fazerem qualquer admissão, embora para muitas o aumento da força de trabalho seja necessário. Mas não querem ter que arcar com os custos impostos por uma legislação protecionista, arcaica, parida com a ajuda de um sistema sindical desatualizado, que protege apenas uns poucos, mas não promove decentemente nenhum trabalhador. O barulho criado contra sua aprovação vem dos sindicatos, que perderão, muitos, sua força de manobra e os privilégios de um peleguismo bem regado por empresas.
MEDALHA A STÉDILE
Além desses fatos, restou o alarde feito em Minas, na imprensa e nas redes sociais, sobre a outorga da Medalha da Inconfidência ao presidente do Movimento dos Sem-Terra, João Pedro Stédile. Não sou contra a pessoa, que felizmente sequer conheço. Sou ferozmente contra qualquer tipo de invasão, de esbulho, sejam os orientados por esse bando de marginais inservíveis que tomam posse de propriedades rurais como também os que invadem terrenos e prédios públicos ou privados; contra os que obstruem estradas, portos e aeroportos ou promovem qualquer tipo de ocupação, com o intuito de tumultuar a vida para fazerem valer direitos que acham que têm. Sou contra o tipo, sou contra a postura dessas figuras, que são incentivadas por um Estado que se exime de suas obrigações e transfere para quadrilhas organizadas a busca de soluções que o próprio Estado não teve vontade política e criatividade para oferecer.
Minas, à parte das tradições que sustenta e amplia, tem também a prática de conferir medalhas, diplomas, honrarias, selos e reconhecimentos afins. Em nenhum outro Estado brasileiro essa tradição é tão presente. Medalhas da Inconfidência, de Santos Dumont, de Juscelino Kubitschek, do Judiciário, do Legislativo, de câmaras municipais, do jogo de bicho, ordens de tudo, comendas as mais variadas, até do puteiro, diplomas às centenas, nomes de ruas, um universo de prêmios outorgados por quem quase sempre não tem autoridade para fazê-lo, destinados a pessoas sem o menor sentido ou compromisso com o que recebem.
Mais econômico, sincero e decente seria termos a coragem de abolir radicalmente essas pseudo-honrarias, acabar com essa farra de feriados e nos concentrarmos nas nossas obrigações, nas nossas demandas, nas nossas urgências. Ao trabalho, minha gente. Consideremo-nos condecorados, as panelas batidas, os foguetes queimados. Estamos vivos e de pé. Para a grande maioria, já é muito.

28 de abril de 2015
Luiz Tito
O Tempo

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