Acusação diz respeito a uso de gráfica mantida por sindicatos ligados ao PT para lavar dinheiro de propina do petrolão
João Vaccari Neto e Renato Duque |
(Folhapress/Estadão Conteúdo)
Por Carolina Farina e Felipe Frazão
Veja.com
O Ministério Público Federal apresentou nesta segunda-feira denúncia contra o ex-tesoureiro nacional do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - indicado pelo partido - e o executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, do grupo Toyo Setal, por lavagem de dinheiro no total de 2,4 milhões de reais. O crime foi revelado na 12ª fase da Operação Lava Jato, que prendeu Vaccari preventivamente e identificou pagamento de recursos desviados da Petrobras a uma gráfica condenada por fazer propaganda eleitoral irregular para a presidente Dilma Rousseff, em 2010.
De acordo com a denúncia, o crime de lavagem de dinheiro foi cometido 24 vezes pelos acusados entre abril de 2010 e dezembro de 2013. Vaccari foi denunciado como organizador do esquema - um agravante que pode elevar a pena do petista, caso condenado. O MP pede ainda que os acusados paguem à Petrobras como indenização, no mínimo, o dobro do valor lavado: 4,8 milhões de reais.
Segundo a força-tarefa da Lava Jato, uma parte da propina que seria paga a Renato Duque no esquema do petrolão foi direcionada por empresas do grupo Setal Óleo e Gás (SOG), ao qual pertence Mendonça Neto, para aEditora Gráfica Atitude. Com aval de Duque, o pagamento foi solicitado por Vaccari em um encontro pessoal com Mendonça Neto. Por meio da Setec Tecnologia, ele fechou um contrato de compra de anúncios com a Editora Gráfica Atitude e usou duas empresas - Tipuana e Projetec - para realizar os pagamentos. Ficou comprovado o repasse de ao menos ao menos 1,5 milhão de reais.
Os valores que abasteceram os cofres da Editora Gráfica Atitude foram desviados de contratos da SOG com a Petrobras nas refinarias de Araucária (PR), a Repar, de Paulíina (SP), a Replan, segundo os investigadores.
A Gráfica Atitude é uma sociedade mantida por dois sindicatos umbilicalmente ligados ao PT: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Os sindicatos são sócios e indicam os diretores da gráfica - quase todos filiados ao PT e sempre dirigentes dos sindicatos. Segundo delação de Augusto Ribeiro Mendonça, Vaccari pediu que ele fizesse transferências de dinheiro à Gráfica Atitude em vez de pagar propina ao partido em forma de doações eleitorais registradas. Em depoimento no último dia 31 de março, Mendonça revelou ao Ministério Público que fez pagamentos da ordem de 2,5 milhões de reais à gráfica a mando do tesoureiro nacional do PT.
Segundo o MP, para conferir uma aparência lícita para os repasses da propina, empresas do grupo Setal assinaram dois contratos, em abril de 2010 e julho de 2013, com a Gráfica Atitude Ltda. Mas, ressalta a Procuradoria, a gráfica jamais prestou serviços reais às empresas do grupo Setal, emitindo notas frias para justificar os pagamentos.
Não foram denunciados, por ora, funcionários da gráfica. Isso porque, segundo o MP, a responsabilidade deles será apurada em inquérito separado. Mas as atuais diretoras da Atitude serão arroladas para depor como testemunhas.
in resistência democrática
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