O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, 50 anos, chefe da força-tarefa de nove integrantes do MPF na Operação Lava-Jato, refuta a tese da defesa, que insiste em alegar que as acusações contra João Vaccari, o ex-chefe do caixa do partido que comanda o país desde 2003, se baseiam apenas na palavra de criminosos. Vejam como o procurador Santos Lima responde às alegações da defesa de Palocci.
O advogado de João Vaccari Neto, Luiz Flávio D’Urso, divulgou uma nota rebatendo as acusações contra o ex-tesoureiro do PT. Quais as principais provas da culpa dele?
Tamanho da nota não faz diferença. Está totalmente equivocada. Palavra de colaborador tem validade. Documentalmente, temos a prova dos pagamentos feitos à gráfica Atitude, que tem uma vinculação óbvia com o Partido dos Trabalhadores e com a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
A gráfica presta serviço até para a Presidência da República. Essa relação reforça ligações com o partido?
Qualquer desses fatos deve ser considerado como indicativo. O simples fato de ser vinculada à CUT, já ter tido problemas na campanha de 2010, já é indicativo porque o Vaccari sempre foi alguém que arrecada dinheiro para o PT.
Sobre a movimentação financeira, a defesa de Vaccari cita que “para tudo há uma explicação”. É possível?
Só não explica. Parece ter todos os indicativos de lavagem. Nesse caso a família tem envolvimento porque as operações da esposa (Giselda) têm uma série de depósitos na conta que somam um valor considerável. Temos uma operação da filha, da Marice (cunhada) com a OAS. Tem a operação envolvendo os R$ 280 mil relacionados à incorporação imobiliária de Indaiatuba (SP), ainda sob investigação. Tem a questão patrimonial, de recursos da Petrobras através da gráfica. Não há prestação de serviço algum. Ele (D’Urso) não mostra a legalidade das operações. Nós temos indicativos. A valoração do apartamento da Marice (no Guarujá, no litoral de São Paulo) é absurda, aquele distrato, venda posterior por um valor inferior do que ela recebe. O fato de a OAS estar no escândalo da Petrobras. Ali é lavagem de dinheiro.
24 de abril de 2015
Eduardo Militão
Correio Braziliense
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