"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

A NOVELA NÃO TERMINA COM O NOVO CAPÍTULO



Enfim, a condenação dos oito primeiros implicados no escândalo da Petrobras. A expectativa é de que outros sigam o mesmo rumo, em especial os altos dirigentes das empreiteiras e os políticos envolvidos. Sobressai o fato de que os dois por enquanto tidos como maiores responsáveis pela lambança saíram das grades e cumprirão as penas em suas residências, mesmo sujeitos a restrições.

Tanto Alberto Youssef, doleiro, quanto Paulo Roberto Costa, ex-diretor da petroleira, beneficiaram-se da delação premiada, mas, ainda assim, receberam sentenças compatíveis com seus crimes. Mais existem buscando facilidades iguais, mas a ressaltar estão as condenações aplicadas pelo juiz Sérgio Moro.

O singular nessa equação é que os detentores de mandatos parlamentares, a ser julgados pelo Supremo Tribunal Federal, não tiveram sequer iniciados os inquéritos capazes de transformá-los em réus. Nem ex-governadores e ex-ministros à disposição de outros tribunais. O exemplo, no entanto, foi dado pelo juiz da primeira instância, esperando-se que não demore a correspondente ação superior.

Pelo menos, fica claro que roubar já não parece tão fácil, em se tratando do assalto a instituições do poder público. As quadrilhas deixam de movimentar-se com a desfaçatez de antes. A impunidade continua sendo questionada, como no caso do mensalão.

A pergunta que fica refere-se à culpa coletiva. Isoladamente, os malandros foram em boa parte identificados, tanto os do meio empresarial quanto os da política. Mas haverá, sobre eles, nuvens mais densas. Os governos Lula e Dilma terão tido responsabilidade na roubalheira, ao menos por omissão? O PT, o PP, o PMDB e outros partidos poderão ser arrolados como coniventes? A novela não termina com o novo capítulo das condenações.

DERROTA NÃO APENAS DO GOVERNO

Com a aprovação pela Câmara do texto que modifica as terceirizações, salvo pequenas modificações, fica evidente a derrota do governo. Apenas dele? Parece que não, porque o trabalhador vem perdendo mais do que uma simples votação. Se podem ser terceirizadas todas as atividades, qual a empresa que deixará de demitir assalariados que recebem quantias compatíveis com seu trabalho para trocá-los por outros de menores salários?
O projeto irá ao Senado, esperando-se venha a ser modificado, mas sendo a Câmara Alta mais conservadora, as dúvidas se acumulam.

24 de abril de 2015
Carlos Chagas

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