"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O TEMPO URGE

PLANALTO TEM QUATRO DIAS PARA RECOMPOR BASE ALIADA NA CÂMARA


O Congresso Nacional estendeu o carnaval até o fim de semana, mas o governo federal terá de utilizar o tempo extra para conter os projetos com forte impacto nas contas públicas e a CPI da Petrobras. Nesses dias, o Palácio do Planalto será obrigado a direcionar os esforços da articulação quase que exclusivamente para apagar incêndios políticos no Congresso Nacional. O governo terá de trabalhar na Câmara para controlar os trabalhos da nova CPI da Petrobras; eleger aliados de confiança para as comissões temáticas da Casa; aprovar os ajustes nas contas públicas; além de evitar que temas explosivos como o fim do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho saiam da gaveta.
Isso, levando em conta uma base aliada rachada e a pressão crescente de sindicalistas e da oposição, que não se furta a falar em impeachment da presidente Dilma Rousseff, sem contar os próprios aliados insatisfeitos — de olho nos cargos do segundo escalão.
APROXIMAÇÃO COM CUNHA
Em tese, o governo terá quatro dias para tentar uma aproximação com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) — aliado, mas com um dos pés na oposição. Isso porque a Casa só terá sessões deliberativas na semana que vem. Dilma Rousseff foi, inclusive, aconselhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a estender a bandeira branca para o peemedebista, dono da pauta a ser votada pelos deputados.
Nas duas primeiras semanas, o parlamentar fluminense impactou os cofres aprovando o Orçamento Impositivo, que obriga o governo a pagar emendas parlamentares e abriu uma brecha para os novatos indicarem R$ 10 milhões em emendas individuais para este ano, e ainda entregou à oposição a comissão que estudará a proposta da reforma política.
CONTAS PÚBLICAS
Logo depois de tomar posse, em 1º de fevereiro, Cunha garantiu que não teria a postura de prejudicar o controle das contas públicas. “Minha postura sempre foi a de combater qualquer coisa que impeça o país de conseguir controlar suas contas públicas. Jamais fomos favoráveis a ‘pautas bombas’ que estourem o orçamento ou que aumentem os gastos públicos”, afirmou.
Dias depois da fala, no entanto, o parlamentar não apenas aprovou o Orçamento Impositivo como ainda abriu a brecha para que os parlamentares também tivesse o direito de indicar emendas ao Orçamento deste ano. A alteração na regra contou com o aval do senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator-geral do Orçamento de 2015. O valor dado aos novatos ficou R$ 6 milhões menor do que o reservado para os reeleitos — o impacto total do projeto é de R$ 9,69 bilhões.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Na teoria, a matéria do Correio está corretíssima. Na prática, porém, o Planalto não tem a menor possibilidade de recompor a base aliada e voltar a controlar a pauta da Câmara e os trabalhos da CPI da Petrobras. O governo está fraco e combalido. Os parlamentares sabem disso e estão apenas se adaptando à nova realidade política, como sempre fazem. O resto é folclore. (C.N.)

21 de fevereiro de 2015
Naira Trindade
Correio Braziliense

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