"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O SENTIDO AMPLO DA DISTOPIA (OU A NÃO UTOPIA)




Planeta dos Macacos é um exemplo clássico de distopia
Nestes tempos obscuros em que o nefasto BBB volta ao palco da telinha para deleite de milhões de fãs(?), sempre surge na mídia material criticando esse tipo de atração. Nesse sentido, estava lendo dois artigos sobre o controle da privacidade pelas redes socais e me vi surpreendido por uma palavra cujo significado me era somente intuitivo: distopia, ou seja, a não utopia. Descobri que o sentido é mais amplo que imaginava.
Distopia ou antiutopia é o pensamento, a filosofia ou o processo discursivo baseado numa ficção cujo valor representa a antítese da utopia ou promove a vivência em uma “utopia negativa”. As distopias são geralmente caracterizadas pelo totalitarismo, autoritarismo, por opressivo controle da sociedade. Nelas, “caem as cortinas”, e a sociedade mostra-se corruptível; as normas criadas para o bem comum mostram-se flexíveis. A tecnologia é usada como ferramenta de controle, seja do Estado, seja de Instituições ou mesmo de Corporações.
Distopias são frequentemente criadas como avisos ou como sátiras, mostrando as atuais convenções sociais e limites extrapolados ao máximo. Nesse aspecto, diferem fundamentalmente do conceito de utopia, pois as utopias são sistemas sociais idealizados e não têm raízes na nossa sociedade atual, figurando em outra época ou tempo ou após uma grande descontinuidade histórica.
FICÇÃO CIENTÍFICA
Uma distopia está intimamente conectada à sociedade atual. Um número considerável de histórias de ficção científica que ocorrem num futuro próximo do tipo das descritas como “cyberpunk” , usam padrões distópicos de uma companhia de alta tecnologia dominando um mundo em que os governos nacionais se tornaram fracos.
Existe, também, uma categoria literária voltada para esse tema, inclusive com subdivisões (vide lista ilustrativa, mais abaixo). Para minha surpresa, constatei que já tinha visto alguns filmes e/ou lido alguns livros dessa lista incompleta (pois a distopia e o controle social me fascinam). Alguns são uma boa porcaria; contudo, outros dão o que pensar dado a enorme possibilidade da distopia estar acontecendo do nosso lado sem que percebamos. Para quem se liga na “Teoria da Conspiração”, essa lista é um prato cheio.
EXEMPLOS DE DISTOPIA NOS LIVROS E CINEMA
Totalitarista: 1984 (1949), V de Vingança (2005)
Corporativista: Robocop (1987), Clube da Luta (1999), Rollerball (1975)
Tecnológica: O Exterminador do Futuro 2 (1991), Blade Runner (1982), Divergente (trilogia), Admirável Mundo Novo
Ambiental: Nausicaä do Vale do Vento (1984)
Anárquica: Jogos Vorazes (trilogia), Divergente (trilogia)
Generalizada: La Belle Verte (1994)
Cibernética: Minority Report (2002), Matrix (1999)
Ciberpunk: Aachi & Ssipak, Akira (1988), Avalon, Blade Runner, eXistenZ, Ghost In The Shell (1994), Johnny Mnemonic, Looper, Metropolis, Natural City, Nirvana, Pandorum, Renaissance, Repo Men, RoboCop, Sleep Dealer, O Exterminador do Futuro, Videodrome, Matrix, Surrogates, WALL-E
Consumista: Clube da Luta
Pandêmica: 12 Macacos (1995), Filhos da Esperança (2006), Ensaio sobre a cegueira (2008)
Moral: Beleza Americana (1999), Cisne Negro (2010)
Religiosa: O livro de Eli (2010)
Privacidade: Tokyo! [seguimento “Shaking Tokyo”] (2008)
Misógena: A Decadência de uma Espécie (1990)
Militar: Equilibrium
Criminosa: A Laranja Mecânica (1971), Fuga de Nova York
Superpopulação: Battle Royale
Pós-apocalíptica: Mad Max (1979), O Planeta dos Macacos (1968), A Estrada
Conspiração: Divergente (trilogia)
Financeira: O Preço do Amanhã
Alienígena: Guerra dos Mundos (1953)
Cômica: Brazil (1985), Idiocracy (2006)

(Matéria enviada por Paulo Peres)

21 de fevereiro de 2015
Antonio Pastori

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