Em meio a uma disputa pelos cargos de comando, os trabalhos da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara dos Deputados para investigar irregularidades na Petrobras foram marcados para começar na próxima quinta-feira (26).
A data foi fixada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ. Até lá, os partidos devem travar uma batalha para garantir a presidência e a relatoria da CPI, que têm influência no ritmo das investigações. O bloco do PMDB deve anunciar na segunda-feira (23) a decisão de ficar com a presidência. Pelas regras da Câmara, cabe ao presidente da comissão indicar quem será o relator.
Num aceno costurado com o aval de Cunha, a ideia da cúpula do PMDB é repassar a relatoria ao PT, em uma tentativa de distensionar a relação com o Planalto depois da sequência de derrotas impostas pela Câmara com a chegada do peemedebista à presidência da Casa.
A ideia, no entanto, encontra resistência em líderes de outros partidos que formam o bloco e, especialmente, na própria bancada do PMDB.
Impulsionados por outras siglas, setores do PMDB passaram a defender que a relatoria fique com um dos integrantes do bloco que apoiou a eleição de Cunha, que conta com onze partidos: PP, PTB, PRB, SD, PSC, PHS, PEN, PRB, PTN, PSDC e PRTB.
SERRAGLIO DE VOLTA?
Há ainda pressão para que um cargo de destaque da CPI seja entregue ao deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o que tem potencial para constranger o Planalto.
Serraglio foi relator da CPI dos Correios, que investigou o escândalo do mensalão e produziu um relatório rígido contra o governo e sugeriu o indiciamento do ex-ministro José Dirceu e de parlamentares por envolvimento no esquema de corrupção.
Segundo peemedebistas, a ida de Serraglio poderia reforçar o discurso de independência que Cunha vem pregando. Procurado pela Folha, o deputado afirmou apenas que “não recusaria prestar esse serviço ao país”.
A primeira opção trabalhada pela cúpula do PMDB para o comando da CPI seria o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que vem rejeitando a ideia. Uma nova consulta deve ser feita ao deputado na segunda-feira.
O argumento é que ele representou o partido na CPI do Congresso no ano passado, que começou a investigar desdobramentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Com a recusa de Lúcio, uma alternativa seria o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB).
OUTRA FRENTE
Em outra frente, o PT fará um aceno aos líderes do bloco do PMDB para tentar assegurar a relatoria, que é responsável pelo parecer final da comissão.
O líder do PT, Sibá Machado (AC), solicitou o cargo formalmente ao presidente da Câmara e deve procurar nos próximos dias o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), e os demais líderes dos partidos pedindo apoio.
O PT pretende entregar o posto para o deputado Marco Maia (RS), que foi relator da CPI do Congresso que investigou a estatal no ano passado e também escalar Afonso Florence (BA), como integrante para blindar o governo. Maia, porém, não teria demonstrado disposição para retomar o cargo. Outro cotado seria o deputado Vicente Cândido (PT-SP).
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Traduzindo tudo isso: a coisa está feia para a troika, formada pelo PT, pelo Planalto/Alvorada e pelo Instituto Lula. (C.N.)
21 de fevereiro de 2015
Mário Falcão
Folha
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