"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O TERRORISMO E O ASSASSINATO DA LIBERDADE

           


O hediondo e brutal assassinato de dez jornalistas na redação da revista Charlie Hebdo, e mais dois policiais na sequência do vandalismo, atingiu o grau máximo em matéria de violência, absurdo, alucinação,e desprezo pela existência humana.
Sob o pretexto de um fanatismo religioso, três homens praticaram o homicídio durante uma reunião de pauta da publicação, evidentemente planejado friamente com passos premeditados e executados movidos por um ódio cuja motivação não se consegue definir ao certo.
Os terroristas – um deles se entregou – e dois deles estão sendo caçados pela Polícia Francesa que já os identificou – apresentam-se estupidamente em nome da religião Islâmica, que, exatamente ao contrário, a exemplo do cristianismo, prega a harmonia, a tolerância, o sentimento fraterno e a paz entre os seres humanos.

É verdade ser difícil classificá-los como seres humanos, a partir da volúpia demonstrada no assassinato coletivo. Mas como considerá-los, então? Bestas humanas, recorrendo-se ao título (no singular) de famoso romance de Emile Zola.
Os terroristas, de fato, com base em suas próprias ações, inserem-se nessa imagem, aliás uma das mais fortes para definir o terrorismo, não só na França, onde atingiu o auge agora, mas em todos o universo. O ódio pelo próprio ódio, a destruição pela destruição, a morte por princípio.

O terrorismo motiva-se pelo assassinato da liberdade, de imprensa no caso do Charlie Hebdo, e pela explosão do direito de viver. Em muitos casos, como aconteceu na maratona de Boston, sem explicação alguma, restrito somente ao ímpeto no sentido e sob inspiração da vontade de destruir.

Neste ponto, terror e terrorista entram na contradição mais profunda: unicamente a destruição no lugar da construção. Sim. Porque, no fundo, não se voltam em favor de mudança alguma, como tentam fazer crer, detestam todos, homens e mulheres, os seres humanos, de modo geral, simplesmente porque na realidade detestam a si mesmos.
Os atentados se repetem em diversos países, não escolhendo nacionalidade, etnia, cultura. Trata-se do mal pelo próprio mal, prazer em matar ou mutilar, deixando rastros sinistros no roteiro de si mesmos.

LIBERDADE E FRATERNIDADE

No episódio de Paris, região da Bastilha, símbolo da liberdade e fraternidade, como é o lema dos franceses, os covardes assassinos causaram uma fortíssima reação universal, desabando, portanto, o argumento falsamente usado de que agiram para resgatar o efeito de uma das charges publicadas pela revista, aliás pelo mesmo motivo falso, a redação fora vítima de atentado a bomba em 2011.

Com sua loucura, expuseram a própria religião que dizem hipocritamente professar. É essencial que todos nós repudiemos a tragédia de Paris, bem como o terrorismo de forma geral, porque ele expõe a vida humana a atos imprevisíveis que partem de fontes nas quais a simples lógica não determina os limites.

E, falando em limites, todos eles foram ultrapassados nos assassinatos praticados no Charlie Hebdo. Ficará o episódio na história universal, incorporando-se ao capítulo destinado a lembrar para sempre a covarde alucinação que armou as garras dos assassinos. Alguém ou alguns fornecem as armas, os assassinos fornecem o ódio e a destruição. Os cadáveres são o legado de sua fúria bestial.

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