Depois de criticar duramente Chalita, prefeito de SP quer o peemedebista em sua equipe
Cobrar coerência da classe política é a mais hercúlea das tarefas, quiçá seja impossível.A questão não é exigir dos políticos uma conduta ortodoxa, algo impossível no Brasil, mas esperar que pelo menos exista respeito às ideologias e aos discursos pretéritos. Mas isso parece ser um devaneio nessa barafunda em que se transformou o País.
Ciente de que sua administração é pífia e que concorrer à reeleição, em 2016, será missão quase impossível, o prefeito Fernando Haddad começa a lotear cargos entre partidos dos mais variados.
No afã de se aproximar do PMDB, repetindo o que já acontece com a companheira Dilma Rousseff no âmbito do governo federal, Haddad decidiu convidar Gabriel Chalita para assumir a Secretaria de Educação.
Não faz muito tempo, Chalita foi alvo de um rumoroso escândalo de corrupção, que acabou caindo no esquecimento sem que o caso fosse elucidado. Prevaleceu o dito pelo não dito e um escândalo novo acabou ocupando o lugar do imbróglio que alcançou o eventual futuro secretário municipal de Educação.
Convidar Gabriel Chalita para um cargo no primeiro escalão da administração paulistana não representa uma anomalia, até porque no segundo turno da corrida à prefeitura de São Paulo o então candidato Fernando Haddad contou com o apoio do peemedebista. Chalita foi secretário estadual de Educação, no governo do tucano Geraldo Alckmin, por isso o convite do prefeito também não é destoante.
Contudo, quando o assunto é Educação surge uma discordância entre Haddad e Chalita, porque não afirmar que ambos têm opiniões divergentes. Mas isso pode ser coisa do passado, porque fisiologismo faz com que políticos tenham memória curta.
Enquanto esteve frente da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Gabriel Chalita foi um ferrenho defensor da progressão continuada, truque criado pelos burocratas do setor para que o aluno seja aprovado sem maiores questionamentos, quando na verdade deveria ser reprovado. Mais um faz de conta nessa bagunça chamada Brasil.
No período em que comandou o Ministério da Educação, a convite do então presidente Luiz Inácio da Silva, e também na gestão da companheira Dilma Rousseff, o prefeito paulistano foi um ácido crítico de Chalita e da tese da progressão continuada.
O tema, inclusive, recheou os discursos eleitoreiros de Haddad durante a campanha rumo à prefeitura paulistana. Em outras palavras, o ex-ministro da Educação parece não mais lembrar daquilo que falou a respeito de Chalita, ou, então, o ex-secretário estadual de Educação apagou da memória as críticas vindas de Haddad.
O prefeito de São Paulo quer eliminar possíveis adversários na eleição de 2016, por isso começa a distribuir cargos aqui e acolá, não importando quem seja o alvo de suas investidas. E não é só Chalita que está na aça de mira do alcaide da Pauliceia Desvairada.
Desde o ano passado, Haddad vem flertando com o PSD de Gilberto Kassab, agora ministro das Cidades. O prefeito ofereceu a pasta do Turismo para o vereador Marco Aurélio Cunha, que recusou o convite. Agora Haddad corre atrás do também vereador Antonio Goulart, deputado federal eleito pelo PSD.
Há quem diga que o tempo é o senhor da razão, mas quando a política entra em cena o tempo assume o papel de imperador da farsa. Depois que Paulo Maluf e Lula tornaram-se velhos aliados, qualquer coisa vale. Como cantou o saudoso Tim Maia, “vale tudo”. Vale até Lula e Collor fingirem que são amigos de longa data. Enfim…
09 de janeiro de 2015
ucho.info
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