"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O CACHORRO LOUCO

 

Agosto é conhecido mundo afora como o mês do cachorro louco. 

Sem entrar em detalhes sobre a origem da expressão, foi em agosto que teve início a primeira grande guerra de 1914, que, em 1934, Hitler ascendeu ao poder absoluto na Alemanha e que o ser humano, em 1945, usou pela primeira vez - rezemos para que tenha sido a última- uma artefato nuclear com objetivos militares. 

O Brasil, como não poderia deixar de acontecer, foi também atingido, ao longo de sua história, pelo hálito de agosto. 

Foi neste mês que seu povo, em 1954, se chocou com o suicídio de Getúlio Vargas e também que, boquiaberto viu, em 1961, Jânio Quadros renunciar após somente sete meses de governo, atitude que desembocou nos eventos de 1964. Foi em agosto também que esse mesmo povo, condoído, soube do desaparecimento de  Juscelino Kubitscheck, em 1971. 

O deste 2014, mal chegado à metade, já dá mostras do que pode ter em estoque. 

O processo eleitoral em curso, por si só bastante caótico e às vezes desleal, pela própria natureza, sofre  com a trágica e repentina morte de Eduardo Campos e acarreta uma reviravolta no panorama das urnas  que, de momento, não permite a formulação  de qualquer prognóstico relativo a tendências e direções. 

O momento presente não é da boa política, coisa já meio rara por aqui. 

O que se vê, apesar da atitude por enquanto aparentemente recatada dos adversários que permaneceram na disputa, é a formação de uma espécie de leilão dos estilhaços que se originaram com a morte do jovem político, porque afinal, a vida tem que continuar e o poder abomina o vácuo. 

Por outro lado, o eleitor, bestializado, a tudo assiste, vê o tabuleiro se re-arrumar, sente-se perturbado, ao constatar que a nova disposição das peças visa somente a captar sua preferência, para que finalmente ele entre em cena em outubro e ser esquecido rapidamente após a partida final. É assim que a banda vai tocar. 

Quanto a Eduardo, que descanse em paz.


21 de agosto de 2014
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

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