A realidade dos fatos voltou a reforçar esta semana a necessidade de mudanças na condução da política econômica. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o desempenho das vendas do varejo no mês de junho: queda de 0,7% em relação a maio. Com ou sem o efeito Copa do Mundo, que aumentou o número de feriados, esse resultado veio pior do que previam os "pessimistas de plantão".
Em seguida, a Fundação Getulio Vargas informou que seus termômetros acusaram em julho uma queda dramática no Indicador de Clima Econômico (ICE) do Brasil, mantido em parceria com o instituto alemão Ifo. O indicador caiu ao pior nível desde janeiro de 1991, quando tinha baixado a 54 pontos.
Fechando a semana, o Banco Central (BC) jogou mais água fria nas expectativas de crescimento da economia em 2014, ao divulgar o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de junho, que revela a tendência de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo os dados do BC, o Brasil pode não estar em recessão, mas as notícias não são animadoras. A atividade econômica aumentou sua desaceleração, resultando em queda de 1,48% em relação a maio, que tinha apresentado perda de 0,80% (dado já revisado). Com isso, o crescimento do PIB no semestre, pela prévia do BC, pode ter sido de apenas 0,13%, em comparação com igual período de 2013.
Na economia, é comum os primeiros seis meses serem os piores do ano. Mas, confirmada essa prévia calculada pela autoridade monetária, o de 2014 terá sido o pior 1º semestre do atual governo. Em 2011, o crescimento de janeiro a junho foi de 4,35%; em 2012, 0,36% (o mais baixo até então); em 2013, 3,41%. E tudo isso ocorre com a inflação ainda mais perto do teto (6,5%) do que do centro da meta (4,5%) fixado para este ano.
Não há, portanto, nada que indique melhora expressiva no ritmo da atividade econômica, a ponto de inverter a expectativa de que o PIB terá crescimento de no máximo 1% este ano. E, se isso ocorrer, a atual administração terá completado um período de crescimento inferior à que a antecedeu, apesar da crise financeira internacional de 2008-2009. De fato, entre 2007 e 2010, as taxas de expansão do PIB foram de 5,4%; 5,2%; -0,2%; e 7,5%. Já entre 2011 e 2014, as taxas foram de 2,7%; 0,9%; 2,3% e 1% (previsão).
Está claro o esgotamento do estímulo ao consumo, seja pela via do crédito, seja pelas desonerações localizadas. É urgente atuar do lado da oferta. É hora de trocar a política fiscal frouxa - marcada pelo aumento do gasto público em prejuízo do investimento - pela geração de superavits, de substituir o intervencionismo pela transparência da gestão e firmeza da política monetária, em cumprimento do centro das metas de inflação. É preciso retomar as reformas destinadas a favorecer a competitividade da economia. Só assim o próximo governo estará agindo para superar a crise de confiança que ameaça levar o país à recessão e a perder suas importantes conquistas sociais.
21 de agosto de 2014
Editorial Correio Braziliense
Em seguida, a Fundação Getulio Vargas informou que seus termômetros acusaram em julho uma queda dramática no Indicador de Clima Econômico (ICE) do Brasil, mantido em parceria com o instituto alemão Ifo. O indicador caiu ao pior nível desde janeiro de 1991, quando tinha baixado a 54 pontos.
Fechando a semana, o Banco Central (BC) jogou mais água fria nas expectativas de crescimento da economia em 2014, ao divulgar o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de junho, que revela a tendência de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo os dados do BC, o Brasil pode não estar em recessão, mas as notícias não são animadoras. A atividade econômica aumentou sua desaceleração, resultando em queda de 1,48% em relação a maio, que tinha apresentado perda de 0,80% (dado já revisado). Com isso, o crescimento do PIB no semestre, pela prévia do BC, pode ter sido de apenas 0,13%, em comparação com igual período de 2013.
Na economia, é comum os primeiros seis meses serem os piores do ano. Mas, confirmada essa prévia calculada pela autoridade monetária, o de 2014 terá sido o pior 1º semestre do atual governo. Em 2011, o crescimento de janeiro a junho foi de 4,35%; em 2012, 0,36% (o mais baixo até então); em 2013, 3,41%. E tudo isso ocorre com a inflação ainda mais perto do teto (6,5%) do que do centro da meta (4,5%) fixado para este ano.
Não há, portanto, nada que indique melhora expressiva no ritmo da atividade econômica, a ponto de inverter a expectativa de que o PIB terá crescimento de no máximo 1% este ano. E, se isso ocorrer, a atual administração terá completado um período de crescimento inferior à que a antecedeu, apesar da crise financeira internacional de 2008-2009. De fato, entre 2007 e 2010, as taxas de expansão do PIB foram de 5,4%; 5,2%; -0,2%; e 7,5%. Já entre 2011 e 2014, as taxas foram de 2,7%; 0,9%; 2,3% e 1% (previsão).
Está claro o esgotamento do estímulo ao consumo, seja pela via do crédito, seja pelas desonerações localizadas. É urgente atuar do lado da oferta. É hora de trocar a política fiscal frouxa - marcada pelo aumento do gasto público em prejuízo do investimento - pela geração de superavits, de substituir o intervencionismo pela transparência da gestão e firmeza da política monetária, em cumprimento do centro das metas de inflação. É preciso retomar as reformas destinadas a favorecer a competitividade da economia. Só assim o próximo governo estará agindo para superar a crise de confiança que ameaça levar o país à recessão e a perder suas importantes conquistas sociais.
21 de agosto de 2014
Editorial Correio Braziliense
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