Nas reuniões entre PSB e Rede nesta quarta-feira, ficou decidido que a candidata à Presidência Marina Silva continuará sem subir em palanques e fazer campanha para candidatos com os quais ela não tem afinidade política. São os casos principalmente de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. O PSB anunciou oficialmente no começo da noite desta quarta-feira a chama com Marina e Beto Albuquerque, candidato a vice, e os novos coordenadores da campanha.
Em entrevista coletiva, Marina Silva disse que não é omissão deixar de participar de alguns palanques regionais com os quais não concorda. Ela disse que os acordos nos palanques regionais feitos por Eduardo Campos serão mantidos, mas que se manterá "preservada" daqueles com as quais a Rede não concorda.
No caso das alianças, Marina não aceita, por exemplo, a aliança feita em São Paulo, em torno da candidatura à reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). - Não é omissão. Não há mudança. A única diferença é que a figura, que era o Eduardo, passa a ser a de Beto, e eu continuo preservada. Fizemos alianças em 14 estados, e a Rede estava de acordo com essas candidaturas. Onde não havia essa possibilidade, o PSB teria os seus escolhidos, e a Rede, os seus. E o Beto representará essas alianças (do PSB) - disse Marina.
Em seguida, o vice na chapa, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), foi conciliador. - Não há nenhum estresse sobre todos os acordos feitos. O Brasil tem muitas realidades diferentes - disse Beto.
As finanças da campanha, conforme O GLOBO já havia antecipado no início da tarde, ficarão sob a coordenação de Bazileu Margarido, homem de confiança de Marina. Já a coordenação geral será compartilhada entre o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, e o marineiro Walter Feldman. O ex-deputado Maurício Rands e Neca Setúbal continuarão a ser os coordenadores do programa de governo da chapa, assim como Pedro Ivo Batista seguirá à frente da coordenação de mobilização.
Bazileu era o coordenador-geral da campanha de Marina ainda como vice. Bazileu está com Marina desde o Ministério do Meio Ambiente, onde foi presidente do Ibama. Segundo um participante do encontro, o principal desafio é manter o ritmo de captação de recursos.
O registro das candidaturas que substituem Eduardo Campos, morto em um acidente de avião no último dia 13 em Santos, deverá ocorrer na próxima sexta-feira no Tribunal Superior Eleitoral, mas o partido não definiu ainda se os candidatos comparecerão, ou apenas os advogados da aliança.
CARTA-COMPROMISSO
Na reunião com a cúpula do PSB, Marina e Bazileu Margarido foram apresentados à situação financeira da campanha, à lista de doadores. O senador Pedro Simon, aliado próximo de Marina, também foi à Fundação João Mangabeira para manifestar apoio à chapa com Marina e o deputado gaúcho Beto Albuquerque, que era candidato ao Senado com poucas chances de vitória.
Com a nomeação de Beto para a vice na chapa, Simon, que deixaria a vida pública ao fim de seu mandato no início do próximo ano, pode voltar a ser candidato para tentar mais um mandato ao Senado. Embora o senador tenha deixado a fundação dizendo que o médico o proibiu de disputar uma nova eleição, Beto Albuquerque e Marina tentam convencê-lo a ingressar na corrida. A definição deve sair amanhã.
Dois candidatos que têm incompatibilidades evidentes com Marina também participam das discussões: Paulo Bornhausen, que disputa o Senado em Santa Catarina, e Márcio França, candidato a vice na chapa de Geraldo Alckmin em São Paulo. O deputado Márcio França disse que Marina Silva recebeu um "inventário" dos acordos do partido e que não espera que a candidata participe da campanha em São Paulo. Para ele, isso seria "forçado". França acredita que Marina tem ampla chance de crescimento em toda a classe C em São Paulo e no país. Já o coordenador do programa de governo, Maurício Rands, disse que esteve hoje com o empresário Jorge Gerdau Johannpeter e que o documento do programa já tinha sido acertado com Marina e será lançado em breve. Haverá um documento grande, de 240 páginas, e um sumário, com 20 páginas.
APOIO DAS BANCADAS
Mais cedo, a bancada do PSB no Senado confirmou que o partido decidiu pelos nomes de Marina Silva como candidata a presidente e do deputado Beto Albuquerque (RS) como vice na chapa. Reunidos na casa da senadora Lídice Da Mata (BA), os senadores socialistas disseram que Beto é o melhor quadro para assumir a função, já que era bastante ligado a Eduardo.
— Estamos apoiando integralmente a decisão que está se consolidando no partido que é a chapa Marina/Beto Albuquerque. Ele é um quadro importante no partido, é parte da história do partido, um militante da juventude do partido. Era um dos principais organizadores da campanha de Eduardo e, por todas essas razões, é importante que ele seja o vice da chapa — disse Lídice.
Segundo a senadora, agora serão feitos ajustes para adequar a entrada de Marina no lugar de Eduardo, falecido tragicamente em um acidente aéreo na semana passada, em Santos, que provocou a morte de mais seis pessoas. O mais provável, disse, é que Beto Albuquerque assuma as composições que Eduardo fechou a despeito da vontade de Marina, como o apoio à candidatura do tucano Geraldo Alckmin em São Paulo. O deputado concorria a uma vaga ao Senado e agora abrirá mão da disputa para encampar a campanha presidencial.
A reunião da bancada contou com a participação dos senadores Rodrigo Rollemberg (DF), Antônio Carlos Valadares (SE) e João Capiberibe (AP).
Os deputados do PSB também se reuniram na manhã desta quarta-feira para confirmar apoio à chapa de Marina e Beto Albuquerque. Após a reunião, o deputado Dr.Ubiali (SP) disse que com a nova composição tanto Marina quanto o partido terão que fazer concessões durante a campanha. No caso do apoio à reeleição do tucano Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, por exemplo, o parlamentar disse que se Marina não quiser aparecer ao lado dele sua decisão será respeitada, mas que todos os compromissos já afirmados serão mantidos.
- Política não se faz individualmente se faz no coletivo, e o coletivo diz que temos que compor, alinhar e manter aquilo que sempre foi dito: uma união programática e não uma união de interesses individuais ou de gostar ou não de alguma pessoa – disse o deputado. Segundo ele, o que uniu Eduardo e Marina foi o ideal que compartilhavam. - A Marina não é a mesma Marina que começou a campanha. E o Eduardo, também foi influenciado pela Marina. O PSB deve protocolar ainda nesta quarta-feira no TSE a alteração na chapa. O prazo para que a mudança seja oficializada junto a Justiça Eleitoral vence nesta sexta-feira. (O Globo)
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