Estou sem carro, mas penso seriamente em comprar uma moto, pois venho analisando as possibilidades e me parece uma opção melhor nesse momento. Sei que existem pessoas que preferem o custo do transporte público, outras preferem o conforto do carro, mas eu escolhi a liberdade da motocicleta. Quando me dei conta disso, resolvi escrever a respeito do tanto que a cultura motociclista tem a ver com a cultura da liberdade.
Para iniciarmos isso, precisamos nos desarmar de narizes tortos. Esse é um texto de um liberal, escrevendo sobre os aspectos de liberdade que esse veículo traz. Você pode preferir qualquer outro meio de transporte, mas eu tenho certeza que você já quase quebrou o pescoço ao procurar o que era aquele zumbido que te deixava confuso se agradava ou perturbava. Não tenho certeza se Sylvester Roper, o inventor, tinha em mente que sua criação ia atender a tantas demandas e ia aflorar tantas emoções.
O princípio é relativamente fácil, motor mais bicicleta é igual a motocicleta. Ela veio se aperfeiçoando com o passar do tempo, foi usada em diversas ocasiões. Também esteve associada à juventude, principalmente na popularização do American Way of life, com as primeiras Harley Davidson’s, casacos de couro, jeans, topetes arrumados a gel e tantas outras características. Também existem excelentes motos Asiáticas, esportivas ou não, já que a densidade populacional faz com que esse meio seja muito mais eficiente que um carro por lá. E para terminar apenas esse aspecto global, temos as Européias com seu refinamento de design. Nessa gama de oferta, existem adoradores de todos os tipos de moto.
Sei que você vai dizer que é perigoso, e sinto-me até repetitivo. É questão de escolha, todos sabem que percentualmente, condutores de moto se machucam com mais frequência que condutores de automóveis. Mas o motociclista está assumindo o risco, eis aí o poder da escolha, isso é liberdade. Também por conta disso, os seguros são mais caros proporcionalmente, já que o seguro está prestando um serviço que leva em conta ainda, a idade do condutor, seu local de moradia, quantas horas ele utiliza aquele meio por semana, todos os fatores de risco para quem quer assegurar que pode devolver o seu dinheiro em caso de sinistro.
Além do valor da moto, na concorrência com um carro, elas levam algumas outras vantagens. Você vai até se questionar: “Heitor, carros e motos concorrem?”. Ora, a finalidade do carro, da moto, do trem, do táxi, e de outros meios é levar alguém ou alguma coisa de um lugar para o outro, então sim, eles concorrem, podem não ser concorrentes diretos, mas concorrem. Se fosse assim, para que trens pudessem concorrer, teríamos que construir estradas de ferro paralelas e isso não seria lá muito inteligente.
Dentre outros fatores de valor econômico, o espaço que a moto ocupa é muito menor que um carro, então ela leva vantagem quando falamos de guardar a amada magrela. Estacionamentos são mais baratos, pedágios também, já que elas desgastam menos as estradas que rodam por conta de seu reduzido peso e tamanho. Nem chegamos ao fator combustível. Uma moto mediana tem um consumo pelo menos duas vezes mais eficiente que os carros mais econômicos. E sua manutenção também tem um custo muito menor.
Para mim, no entanto, o aspecto econômico não é o mais importante. Sabemos que hoje a cultura sofre de esquerdopatia aguda, e numa breve pesquisa sobre influência das motos na cultura pop, o que veremos de mais atual é “Sons of Anarchy”, um seriado que mostra integrantes de um motoclube que cometem crimes. Vale lembrar-se da gangue japonesa do primeiro “Velozes e Furiosos” em que todos andavam de motos japonesas esportivas contra os “mocinhos” que andavam em carros. Na realidade, a produção mais atual que pude me lembrar aonde a moto é associada ao “lado bom” é o filme Mercenários, com Sylvester Stallone, Bruce Willis e Arnold Schwarnegger, todos os atores declaradamente republicanos. O último inclusive é muito lembrado por estar em cima de uma Harley Davidson, dando tiros em Exterminador do Futuro 2. O Governator, trocadilho criado quando o Austríaco se candidatou a governador pelo estado da Califórnia e ganhou, realmente incorporou o espírito da liberdade. Estes fazem contra ponto àqueles ditos artistas progressistas, seguidores de Al Gore e motoristas de Prius.
Na cultura Brasileira? Temos o filme “Diário de uma motocicleta” que é a história de um médico recém-formado que viaja pela América do Sul em sua lambreta. Nome do médico? Ernesto Guevara, o Che, ele mesmo. Ouso dizer que não tarda para a cultura motociclista ficar associada a lutas sociais, mas hoje ainda não foi completamente contaminada por nenhum líder de movimento social, não que os motoboys não possam ser em breve sequestrados por algum político da esquerda radical. Ainda hoje, a moto representa essencialmente ainda, a liberdade. E talvez a única representação cultural positiva no nosso país seja a música “Vital e sua moto” dos Paralamas do sucesso, cujo personagem é inspirado num ex-baterista da banda que procura no seu sonho, a resolução para alguns de seus problemas. Mas assim como a releitura oitentista do filme de Sylvester Stallone, a música já faz bons 30 anos.
Senão o maior desafio de todos; a mudança do pensamento está essencialmente na quebra de paradigmas. Ser motociclista, antes ligado ao Rock, rebeldia e perigo, hoje é muito mais uma solução altamente eficaz na mobilidade urbana e economia financeira. Claro que quem opta por esse meio, está escolhendo o risco. E essa escolha é essencialmente do piloto, de mais ninguém. Ciente disso, em alguns estados americanos, nem o capacete é necessário para a condução, apenas um óculos escuro, pois se sabe que andar de moto é talvez um dos prazeres mais livres que se possa ter. Lembre-se que liberdade é ter o poder de escolher. Por isso, escolhi a moto.
21 de agosto de 2014
Heitor Machado é Empreendedor e Especialista do Instituto Liberal.
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