A Petrobras anunciou nesta sexta-feira um lucro de 4,96 bilhões de reais no segundo trimestre, queda de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O resultado veio muito abaixo das estimativas de bancos de investimentos obtidas pela Reuters, que apontavam para lucro líquido de 7,04 bilhões de reais. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, quando o lucro foi de 5,39 bilhões de reais, houve queda de 8%.
No semestre, a empresa lucrou 10,35 bilhões de reais, queda de 25% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o endividamento cresceu 15% em relação ao final de 2013, para 307 bilhões de reais.
Assim como no primeiro trimestre, o anúncio acontece em meio a uma série de escândalos nos quais a empresa está envolvida. Conforme revelou VEJA, a estatal e o governo orquestraram um verdadeiro teatro para manipular a CPI da Petrobras, coletando as perguntas dos parlamentares e treinando os executivos sabatinados para respondê-las, deturpando a função investigativa da Comissão.
Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) culpou os diretores da Petrobras pelas perdas acumuladas com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e determinou a indisponibilidade de seus bens para que haja ressarcimento ao estado.
O TCU também tentou incluir a presidente Graça Foster no rol de culpados, mas foi impedido pelo Advogado Geral da União, Luís Inácio Adams.
A receita líquida trimestral atingiu 82,3 bilhões de reais, marca inédita para a companhia. O resultado superou o antigo recorde, de 81,54 bilhões de reais no primeiro trimestre deste ano devido, sobretudo, ao impacto da alta do dólar.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) ajustado da estatal, indicador que melhor dimensiona a capacidade de geração de caixa de uma empresa, ficou em 16,25 bilhões no trimestre, queda de 10,2% sobre o mesmo período do ano passado.
Um dos maiores impactos na queda do lucro da empresa veio da área de Abastecimento, cujo prejuízo ficou em 3,883 bilhões de reais no segundo trimestre — 55% maior na comparação com o mesmo período do ano passado, informou a companhia nesta sexta-feira.
A área é a principal prejudicada pela política do governo de controlar os reajustes do preço da gasolina, impondo perdas à estatal. Em comunicado, a presidente Graça Foster afirmou que os reajustes devem ser feitos o quanto antes para melhorar o nível de endividamento da empresa.
"Em paralelo aos aumentos de produção e redução de custos, buscamos a convergência dos preços de derivados no Brasil com os preços internacionais", disse. O ministro Guido Mantega sinalizou, no início da semana, que haverá reajuste ainda este ano.
A Petrobras informou ainda que a importação de derivados aumentou 55% e a de petróleo subiu 20% em relação ao mesmo período de 2013, enquanto a exportação de ambos os produtos caiu na mesma comparação. Segundo a empresa, a alta da importação ocorreu em grande parte em junho por conta "de oportunidade comercial e de maior utilização de óleo importado no refino".
10 de agosto de 2014
in aluizio amorim
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