A Itália é realmente um país surreal.
Dá para compreender que o ex-comandante do transatlântico Costa Concordia, Francesco Schettino, após ser protagonista comprovado de atitudes inadmissíveis por parte de quem exerce comando no mar, como a ausência do passadiço durante navegação em águas restritas e abandono do navio em meio a situações de emergência, das quais resultaram a morte de 32 passageiros, além de responder, por esses e outros atos, a processo criminal na justiça de seu país, pode-se entender que seja ele convidado por um professor da afamada Università Sapienza di Roma, para ministrar palestra sobre o tema "gestão de pânico e crise"?
Não admira, pois, que, apesar da importante e fundamental contribuição do país para o desenvolvimento das artes e das ciências no mundo ocidental, a Itália tenha sido alvo muitas vezes de observações jocosas sobre a sua atuação nas duas guerras mundiais, durante as quais os seus aliados em ambas as ocasiões perderam a confiança na capacidade italiana de combater, nos momentos mais críticos dos desdobramentos estratégicos, com consequências muitas vezes desastrosas .
Por outro lado, o inusitado convite torna irresistível a comparação com um certo país da América Latina, de enorme extensão territorial, situado abaixo do Equador.
Qualquer cidadão brasileiro que teve a oportunidade de conhecer outros povos, não hesitará em afirmar que, de todos, o mais parecido com o brasileiro, é o italiano.
Brasil e Itália são, na verdade, dois exemplos emblemáticos de países e povos surreais.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário