"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

É CORNO, MAS É FELIZ!

É corno, mas é feliz!
Para um governo que coleciona escândalos; que não dá a mínima para a corrupção nem para roubalheira; que faz saber, mas não sabe fazer, uma Copa do Mundo é tudo que mais precisa para consolidar sua imagem diante de um país que vive de bolsas e de propaganda enganosa.

É fácil governar. Mais que governar é fácil manipular uma nação que se conhece e que se enxerga na TV. Que se vê na TV. O brasileiro vê o Brasil na TV. Tem promessa na TV. Vive de esperança na TV. Desfruta democracia na TV. Vota pela TV. Vê a Copa na TV. E assim o povo brasileiro é cornudo, sem medo de ser feliz.

Com um povo assim, chifrudo, escândalo serve mais como exemplo de virtude do que como defeito a ser varrido do mapa do Brasil.

Para o brasileiro guampudo, aquele que sabe roubar uma pátria inteira é digno e venerável, eis que passa para o povo o gosto de apropriação do que é dos outros enquanto a coisa pública vai para a privada. É que, para o brasileiro galheteiro, o melhor guardião do patrimônio público pode ser o mais esperto, o mais hábil ladrão. E tem sido assim.

Para o brasileiro que toma bola nas costas, uma Copa como essa é o melhor respaldo para continuar tomando gol a torto e a direito, porque os donos do poder fazem saber, mas não sabem fazer; para esse brasileiro o inacabado é tido como realizado. E o promotor da esperança nem acaba junto; goza sozinho com a sua cara.

Para esse governo que desgoverna como quem governa em excesso, usar a esperança como aríete para introduzir-se na ingenuidade de quem se deixa trair, é apenas um jeito oficial de fazer sonhar aqueles que estão adormecidos de olhos abertos.

Esse governo sabe, como só ele, que o brasileiro corno se deixa enganar com consentido e incomensurável prazer pela publicidade, o império das falsas necessidades. E aí relaxa e goza.

Chega ao múltiplo orgasmo só de ouvir a palavra esperança. Chega ao supremo prazer se a esperança oculta vem acompanhada de um sujeito explícito como o medo, ou o ódio.

O governo não tem esperança; ele fabrica esperança. E o povo espera sentado, enquanto a nação leva chifre deitada em berço esplêndido.

Ei, parceiro, saia já da frente dessa TV! Tem gente grossa enfiando esperança em você.

26 de junho de 2014
Sanatório da notícia

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