"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

DE COMO SE ENGANA O TRABALHADOR




Tem gente que se ilude. Tem gente que é iludida. Tanto faz, dá no mesmo. Vem de décadas a enganação de que os tempos mudaram e o trabalho, agora, ficou diferente: com o computador, o cidadão pode trabalhar em casa, ou na praia, sem submeter-se a horários, cartão de ponto e perseguição dos patrões. Sendo assim, para que direitos trabalhistas?

Para que jornada de oito horas, férias remuneradas, pensões e aposentadorias, proteção do trabalho do menor e da gestante, indenização por demissão imotivada e estabilidade no emprego?

É precisamente a supressão desses direitos que os malandros vem promovendo, em nome da modernidade. Porque se o trabalho mudou, como dizem, nem por isso mudou o capital, que continua o mesmo, ou seja, busca o lucro a qualquer preço. Claro que, como sempre, às custas do trabalho.

O pior está em que o embuste pegou. Alcançou até mesmo os sindicatos dos assalariados. Nem se fala das centrais sindicais, há anos acomodadas às imposições do capital, a principal delas a respeito de que a melhoria das condições de vida do trabalhador depende da educação. Parece indiscutível que com a educação todo indivíduo progride. É fundamental para o seu aprimoramento, não só material, mas humano.

Do jeito como a equação   vem sendo apresentada, porém, a educação transformou-se numa armadilha. Só depois de conquistar seu diploma, ou de dominar o computador, o trabalhador estará credenciado para ingressar na sociedade que o exclui. Mesmo assim, obrigado a uma competição perversa onde a regra é superar os concorrentes através de expedientes nem sempre honestos. O que deveria ser um direito inerente a todos transforma-se numa loteria onde muito poucos são premiados.

Buscam, as elites, suprimir direitos inerentes ao trabalhador em troca da ilusão dele, um dia, poder ingressar no mundo dos privilegiados. Em paralelo, para evitar indignações bissextas, promovem o assistencialismo.
Distribuem esmolas e ainda exigem submissão. Quando as coisas apertam, como nas crises econômicas, impõem imediatamente demissões em massa, aumento de impostos, corte nos investimentos sociais e extinção dos direitos trabalhistas que sobraram.

Diante desse quadro amargo, à vista de todos, vale voltar a atenção para os candidatos à sucessão presidencial, começando por ela. Dilma não dá uma palavra sobre a recuperação dos direitos sociais surripiados ao longo das últimas décadas.
Muito menos sobre ampliar as conquistas do trabalhador. O modelo que apresenta para o indivíduo é o mesmo que propõe para o país: produzir, crescer, desenvolver-se, mas dentro das tenazes que sufocam o trabalho. Que tipo de mudanças sugere, senão de deixar tudo como está?

Quanto a Aécio Neves e Eduardo Campos, nem isso. Eleito um deles, começará a imaginar que prerrogativas do trabalho ainda podem ser suprimidas.

26 de junho de 2014
Carlos Chagas

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